POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Tecnologias já utilizadas no RN permitem tornar potável a água do mar.
Como pode um Planeta composto por 70% de água estar preocupado com sua escassez? Essa contradição deve-se ao fato de 97,5% dessa água ser proveniente do mar, portanto, imprópria para consumo. Mas, nem todo o restante de água doce, 2,5%, é consumido. A maior parte dela, 69%, está concentrada em geleiras ou em forma de neve, 30% em lençóis freáticos e aquíferos e somente 0,3% é composta por rios e lagos, de onde provém a água para consumo humano, higiene, irrigação, entre outras coisas.
Para resolver esse impasse da natureza, o homem tem se dedicado a criar soluções tecnológicas para que essa abundância salina não mais seja descartada.
Sal e Água
Embora ainda novidade no Brasil, a dessalinização da água do mar tem sido a saída encontrada por vários países onde a água doce já é escassa, como é o caso da Holanda, dos Emirados Árabes, Israel, Ilhas Virgens, Espanha e tantos outros. Em Curaçao – ilha do arquipélago das Antilhas Neerlandesas -, por exemplo, já em 1928, foi instalada uma estação dessalinizadora com uma produção diária de 50 m³ de água potável.
Segundo o Coordenador do laboratório de Operações Unitárias da Universidade Santa Cecília, em Santos/SP, Deovaldo de Moraes Júnior, para separar a água do sal são utilizados dois sistemas principais: por osmose inversa ou evaporação, ambos fáceis e benéficos, mas com custos ainda altos devido ao grande consumo de energia.
Ele explica que no caso da osmose reversa, a água salobra é bombeada para passar por uma membrana porosa que filtra a água e retém o sal. Já na evaporação, a água é submetida a uma alta temperatura formando o vapor que sobe até um tubo onde é refrigerado, caindo então em outro compartilhamento livre das impurezas e nutrientes. “Em qualquer uma das técnicas, bombear e elevar a temperatura, a quantidade de energia que se consome hoje ainda não é visível. Além disso, a água sai pura, sem, inclusive, sais minerais. Portanto, imprópria para uso humano” – ressalta Moraes Júnior.
Contudo, ele acredita que, assim que os sistemas forem aperfeiçoados, o Planeta não sofrerá mais com a falta d’água.
No Brasil
Centros de tecnologia brasileiros já desenvolvem os sistemas de dessalinização em algumas cidades. Em Rio Grande do Norte, o Programa Água Doce mudou a realidade de 355 comunidades.
Utilizando a técnica de osmose inversa, o programa, além de tornar a água potável, reutiliza o sal restante para a criação de tilápia rosa, peixe de água doce que se adapta à salgada, e no cultivo da erva-sal, planta forrageira própria para a alimentação de animais.
No Sudeste, a Petrobras tem investido na dessalinização para reduzir custos e limpar a água que é apanhada junto com o petróleo, durante a captação do combustível nas rochas no fundo do mar, com o intuito de devolvê-la ao mar sem o risco de poluir o ambiente ou para o uso interno da empresa, como limpeza do local e irrigação dos jardins.
A tecnologia antes importada, hoje é produzida e monitorada pelo Laboratório de Operações Unitárias do curso de Engenharia Química da Universidade Santa Cecília – UniSanta, em parceria com a empresa Leading Visual Trends, por uma equipe coordenada pelo professor Deovaldo de Moraes Júnior.
O sistema brasileiro tem a capacidade de monitorar todo o processo para o reaproveitamento da água por meio de um computador que mostra os índices de temperatura, vazão, pressão, entre outros, necessários para se chegar ao produto final com melhores condições técnicas, baixo custo e maior qualidade para o uso.
Assim que for entregue essa primeira unidade, a equipe da UniSanta está preparada para montar uma réplica, que permanecerá em seu laboratório e trocará informações via Internet, diretamente com o equipamento localizado no Centro de Pesquisas da Petrobras – CENPES.
Fonte: Universidade Santa Cecília e Agência Brasil