POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Responsabilidade socioambiental promove desenvolvimento de região.
A atuação do Terceiro Setor, no Brasil, tem exemplos bem sucedidos e que mostram como é possível atuar com ênfase na responsabilidade social e ambiental, viabilizando negócios e promovendo o desenvolvimento de regiões e de sua população.
O Turismo ecológico tem sido defendido como um viés positivo para a preservação de áreas, sem comprometer o crescimento econômico de localidades ainda pouco urbanizadas. Nessas regiões, existem alguns biomas e ecossistemas, cujo consenso mundial aponta para a necessidade de preservação. Um deles é o Pantanal Mato-grossense. Pois é exatamente lá que o Sesc (Serviço Social do Comércio) mantém a maior Reserva Particular do Patrimônio Natural do País – RPPN, SESC Pantanal, com 106.000 ha. O empreendimento surgiu em 1996, com a aquisição de cerca de 20 fazendas, que estavam economicamente decadentes e que foram transformadas numa estância, que tem por objetivos a educação ambiental, a preservação da biodiversidade, a pesquisa científica e o ecoturismo. Está situada nos municípios de Poconé e Barão de Melgaço, na parte norte do Pantanal Mato-grossense, entre os Rios Cuiabá e São Lourenço.
O supervisor do Sesc Pantanal, Nivaldo Pereira relata que essa instalação exigiu uma mobilização singular e interação com nativos, com a comunidade indígena, com pesquisadores, universidades, institutos de pesquisas e organizações não governamentais. Pois parece ser exatamente essa atuação conjunta com os demais segmentos da sociedade organizada que tem garantido a tônica da sustentabilidade ambiental. Pereira, disse que todo o trabalho desenvolvido tem o comprometimento com a melhoria da qualidade de vida dos que habitam ou trabalham no entorno. Para ele, a presença do Sesc ali mudou a realidade dessa comunidade, a começar pelos empregos. Oitenta e cinco por cento do quadro de funcionários mantidos na Reserva são de moradores da região, cerca de 200 vagas. “Para isso, foi necessário um esforço e ações de qualificação e capacitação dessa mão-de-obra. A Reserva e o Hotel também geram cerca de 1000 empregos indiretos, incluindo-se ai os fornecedores” – disse.
Com a chegada do Sesc, a comunidade ganhou também uma escola, um cinema, quadras de esportes, odontologia e internet social, além de cursos de informática e outros de geração de renda. Tudo aberto à comunidade dos municípios de Barão de Melgado e Poconé.
PESQUISA
A pesquisa foi o primeiro passo da implantação desse grande projeto ambiental. É através dela que ainda hoje se obtém os conhecimentos técnico-científicos necessários a uma gestão ecológica e sustentável. Para isto, foram estabelecidas parcerias com universidades federais, com a Embrapa e com ONGs em diversos estudos e pesquisas avançados sobre a fauna, flora, recursos hídricos, solos, clima, turismo, organização social, meio ambiente e educação ambiental.
ECOTURISMO
A Estância dispõe de um Hotel diferenciado, concebido pelo desejo de realizar e demonstrar a viabilidade de empreendimentos ambientalmente corretos. Recebe majoritariamente os trabalhadores do comércio (associados do Sesc), e também escolas, pesquisadores e visitantes.
Um variado cardápio de atividades ecológicas que incluem passeios diurnos e noturnos de barco, caminhadas em trilhas, cavalgadas, visitas ao borboletário e ao formigueiro de saúvas em atividade, preenchem os olhos e os dias dos hóspedes. Os passeios variam conforme a época de vazantes ou cheias, quando muitas áreas sofrem transformações e proporcionam roteiros alternativos.
As atividades asseguram experiências de contemplação e observação da natureza em toda sua exuberância. Aves como araras, tuiuiú, pelicanos, garças brancas, cabeça-secas e colhereiros, além dos barulhentos bugios (macacos, que apresentam uma curiosidade, os machos têm pelagem escura e as fêmeas pêlos claros, são loiras como brincam os guias), jacarés, capivaras, sapos podem ser vistos em seus habitats.
Uma dica de programação é o Alvorecer: o passeio começa antes do nascer do sol, com saída do hotel às 04h30min da manhã, ainda escuro. Os visitantes seguem por quase uma hora de barco pelo rio Cuiabá, ouvindo apenas os sons que vêm da mata com o despertar de seus habitantes, enquanto aguardam a deslumbrante aurora pantaneira, um verdadeiro espetáculo. Imperdível e inesquecível.
Já no passeio noturno é possível observar os olhos dos jacarés brilhando no escuro e por vezes, passando bem próximo aos barcos. Famílias inteiras de capivaras nas praias ou nadando. Cardeais, maguaris, biguatingas, urupapás (aves mais avistadas). O passeio possibilita ainda conhecer as flores que só abrem e exalam perfume à noite, como a Viuviu e a Ninféia.
PROJETO BORBOLETÁRIO
Criado com o intuito de sensibilização ambiental, o Borboletário é composto de um viveiro de visitação, um laboratório para criação de larvas, um criadouro (ou berçário), um horto para a criação de plantas e um viveiro de visitação. Este último é a grande atração do complexo, uma estrutura em forma circular e hemisférica, com 300 metros quadrados e nove metros de altura, protegida por uma tela especial. Lá dentro, num jardim com cascata e bancos de praça, o visitante pode apreciar até 1500 borboletas de várias espécies.
Esse projeto apresenta ainda uma dimensão social importante. O Sesc disseminou a técnica de criação de borboletas entre a população local, que se organizou em uma associação, a ACBP – Associação de Criadores de Borboletas de Poconé, formada por 27 famílias. O Sesc hoje compra dessa entidade as borboletas, que se transformaram em fonte adicional de renda para os moradores envolvidos. O fornecimento está se expandindo para outras instituições, inclusive fora do estado. Os ovos das borboletas continuam a ser fornecidos pelo próprio Sesc que os coleta nas folhas das plantas existentes no Borboletário.