POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Quem tiver melhor capacitação sai com vantagem no mercado, seja empresa, seja empregado.
A exemplo dos alquimistas, da música de Jorge Ben Jor, os tecnólogos também estão chegando e, como os primeiros, são discretos e silenciosos. Isso porque quem faz barulho mesmo são os produtos e serviços que esses profissionais conseguem idealizar e desenvolver. O mercado e a sociedade agradecem. O catálogo nacional de cursos superiores de tecnologia, do Ministério da Educação e Cultura, pode ser acessado no endereço http://portal.mec.gov.br/setec/index.php?option=content&task=view&id=575. O objetivo do MEC é, por meio do catálogo, disponibilizado na internet, ajudar o aluno a se orientar, ter mais segurança na hora de escolher o curso e certificar-se de que terá a formação adequada. Para o doutor em sociologia, Valmor Bolan, reitor do Centro Universitário Ibero-americano (Unibero), diretor de relações institucionais da Anhangüera Educacional e consultor institucional do MEC/INEP, “cursos tecnológicos representam para o Brasil superar uma defasagem que já foi vencida por europeus e, de modo particular, pelos estados unidos.” Para se ter uma idéia, Bolan cita que, por se tratar de cursos de curta duração, com foco no mercado, nos estados unidos em torno de 65% do total dos concluintes universitários em cursos dessa duração são de especialidades que atendam demandas de profissionais em nível inicial e intermediário, seja em nível de linha de produção seja de gerenciamento.
Atraso de meio século
Para superar o atraso de meio século nesta área, a abertura a esse segmento de cursos, de modo especial os tecnológicos, acontece a partir da aprovação da lei de Diretrizes e Bases da educação nacional, ainda no governo do Fernando Henrique Cardoso, na gestão do ministro Paulo Renato de Souza, lembra o reitor.
Não obstante, logo de cara, “a opinião pública e o mercado não se emocionaram com a novidade. Os acadêmicos, sobretudo das universidades públicas, chegaram a vê-la como subcursos universitários. Por conta da visão elitista do ensino superior brasileiro, habituado a parâmetros ultrapassados de qualidade”, argumenta Bolan. Para estes, importa levar em conta a duração do curso (na visão deles, quanto mais longo melhor); conteúdo do curso (quanto mais acadêmico, melhor; e quanto mais afastado da orientação de mercado melhor, sempre na visão dos acadêmicos.
A verdade é que, pouco a pouco, os cursos tecnológicos, cuja integralização curricular varia de dois a três anos, conseguem se impor. Isso porque “a sociedade descobre a importância de cursos mais focados para especialidade (tecnológicos) do que os generalistas, como é o caso dos bacharelados (de maior duração)”, avalia Bolan.
O sociólogo-reitor reconhece, que apesar de ser “indiscutível que os bacharelados atendem necessidades de segmentos estudantis diferenciados e, em certos casos, indispensáveis, como a medicina, entretanto, nesta área quem desejar apenas uma especialidade procurará um tecnológico, a exemplo do curso de tecnologia em radiologia. Na área do bacharelado em administração, por exemplo, o estudante poderá procurar um curso tecnológico na especialidade de gestão de recursos humanos ou gestão logística”.
Clamor empresarial
Salta aos olhos que sobram funções nas empresas que não são adequadamente preenchidas por falta de profissionais qualificados, caso de especialidades em informática que, pela abrangência de seu alcance, permeia outros segmentos de produção. Por esse aspecto, os cursos de tecnologia em análise e Desenvolvimento de sistemas, Geoprocessamento, eletrônica industrial, serviços de saúde, Química ambiental, entre outros, atendem ao citado clamor empresarial por especialistas mais bem qualificados.
Bolan ressalta que ninguém chegaria ao ponto de defender que se crie um país só de tecnólogos. “Precisamos de médicos, engenheiros, pesquisadores em ciência pura e aplicada, de acadêmicos que se dediquem ao rico processo de inovação científico-tecnológica. e são necessários também dos tecnólogos.”
Emerson Moraes Vieira, gerente de educação empreendedora do Sebrae-SP, explica que “novas demandas de mercado exigem qualificações diferentes e haverá, por isso, cada vez mais espaço para pessoas com a devida capacitação, principalmente com ênfase em tecnologia”. Para ele, o que vale para empregado vale também para empregador, isto é, quem tem a preocupação de estar em dia com as qualificações tende a encontrar as maiores oportunidades no mercado.
A seu ver, empresas que abrem vagas para tecnólogos ganham em produtividade, melhoria nos processos e aumento de sua competitividade. “Somente empresas que investem em pessoas qualificadas mostram ganhos significativos. O custo inicial das que contribuem para que essa capacitação aconteça pode até parecer maior, mas o retorno é correspondente”, afirma.
Em itu, no sudoeste paulista, a Primar equipamentos é exemplo de empresa atendida pelo Sebrae-SP que não abre mão de profissionais capacitados em cursos que sejam, no mínimo, profissionalizantes. Depois de passar por um processo de capacitação tecnológica, quadruplicou o número de funcionários, em dois anos. O profissionalismo da empresa permitiu que chegasse a bons resultados, como crescimento médio variável de 80% a 120%, de 2006 para cá, 70% em produtividade e 0% de erro na linha de montagem de produtos sofisticados na área hospitalar, entre eles autoclaves e bombas de vácuo.
As instituições de ensino superior, entende o reitor da Unibero, em sua maioria, têm cursos de boa qualidade, com exceções que infelizmente se vêem em outros setores, seja empresarial seja institucional, que “não cumprem a função social e econômica a que foram destinadas”.
Do que se trata
Tecnólogo – o curso visa um novo tipo de formação. Mas não se trata de curso técnico nem algo ligado especificamente à área de tecnologia, pois abrange outras áreas.
O termo dá nome a um curso superior (graduação) que demora, em média, dois anos.
Instituições de ensino superior, além do mercado, têm dado atenção crescente a eles, por essas características voltadas a gestão – entre elas, a ambiental -, comércio, turismo e comunicação.
Houve uma expansão do conceito de tecnólogo, originalmente voltado para o setor de tecnologia.
Há 98 graduações tecnológicas organizadas em dez eixos: Produção Alimentícia; Recursos Naturais; Produção Cultural e Design; Gestão e Negócios; Infra-estrutura; Controle e Processos Industriais; Produção Industrial; Hospitalidade e Lazer; Informação e Comunicação;
Ambiente, Saúde e Segurança.
Em Recursos Naturais, estudam-se Agronegócio, Aqüicultura, Cafeicultura, Horticultura, Irrigação e drenagem; Produção de grãos; Produção pesqueira; Rochas ornamentais; e Silvicultura.
Em Ambiente, Saúde e Segurança, estudam-se Gestão ambiental, Gestão de segurança privada, Gestão hospitalar, Oftálmica, Radiologia, Saneamento ambiental, Segurança no trabalho e Sistemas biomédicos.
Fonte: Portal Universia Brasil (www.universia.com.br)/MEC