Por Agência USP – Marcela Baggini, do Serviço de Comunicação Social da Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto.
Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP aponta que a população em geral sabe que aspectos emocionais influenciam na saúde física, mas não tem conhecimento que sentimentos como ansiedade e estresse diminuem a adesão ao tratamento de hipertensão. O estudo também aponta que apoio familiar e dificuldade de adaptação a dietas e exercícios são barreiras. Esse e outros fatores que comprometem a terapia foram evidenciados no trabalho do pesquisador André Almeida de Moura.
De acordo com Moura, além dos sentimentos já citados, a dificuldade de adaptação a um novo estilo de vida e o apoio familiar são decisivos no tratamento da hipertensão arterial. “Entre os entrevistados, 42% não conseguem acompanhar o ritmo de dietas e exercícios físicos, que são essenciais para o controle da pressão, e cerca de 13% percebe que a família não está colaborando com o tratamento.”
Realizado na cidade de Santa Helena de Goiás, Moura avaliou 138 pacientes atendidos em seis unidades de saúde do município. “Com 100% de cobertura, foi possível detectar que mesmo com todos os remédios e ferramentas disponibilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a adesão ainda era muito baixa”, conta o pesquisador.
Com a coleta de dados realizada entre novembro de 2012 e abril de 2013, o estudo aponta que apenas 21% dos participantes aderiram ao tratamento medicamentoso e 15,9% cumpriam as recomendações médicas que, de acordo com o enfermeiro, eram a alimentação balanceada, prática de exercícios físicos e exclusão de bebidas alcoólicas e tabaco.
Hipertensos
De acordo com a pesquisa, que traçou o perfil das pessoas que sofrem com hipertensão na cidade goiana, a maioria dos hipertensos (65,9%) era composta por mulheres com idade média de 60,5 anos. “Podemos afirmar que o sexo feminino foi prevalente devido às atividades e responsabilidades que as mulheres possuem, seja na vida profissional ou como mãe ou avó”, diz o enfermeiro.
Moura também fala que as seis unidades de saúde que participaram do estudo promovem atividades educativas a fim de aumentar a adesão ao tratamento de hipertensão arterial. “Os resultados da minha pesquisa deixam claro que os hipertensos, independente dos motivos, ainda não conseguem seguir as orientações médicas.”
Com o objetivo de dar um feedback para a instituição, o pesquisador realizou algumas reuniões afim de discutir e aplicar novas ações para reverter a baixa adesão ao tratamento de hipertensão. “Entendendo ser esta uma responsabilidade de todo pesquisador, contribuir para a melhoria da prática profissional”, afirma Moura.
Com orientação da professora Isabel Amélia Costa Mendes, a dissertaçãoFatores da não adesão ao tratamento da hipertensão arterial em um município do interior de Goiás foi defendida no segundo semestre de 2014 e tem como próximo passo se tornar um doutorado. “Desejo contribuir com os enfermeiros, para que estes possam avaliar os resultados da pesquisa e buscar outras estratégias para o aumento da adesão, tendo em vista melhorar a qualidade de vida do público em questão”, almeja o pesquisador.