POR – NATHASCHA TRENNEPOHL ESPECIAL PARA NEO MONDO
A educação ambiental já aparecia na década de oitenta como um princípio norteador da política nacional de meio ambiente brasileira.
O ápice em termos de legislação aconteceu com a publicação da lei 9.795/99, a qual conceitua, incentiva e operacionaliza a prática da educação ambiental no país. Nela estão presentes os fundamentos da política educacional em matéria ambiental, pois há a previsão da sua implementação nos três níveis de ensino e de forma integrada entre escolas, comunidade e órgãos públicos. Há, ainda, a exigência de colaboração dos meios de comunicação de massa na disseminação de informações e práticas educativas.
Diversos países possuem legislações e programas específicos para fomentar a educação ambiental em seus territórios. Essas práticas têm como objetivo desenvolver comportamentos e valores que promovam a proteção ambiental. Tais abordagens não ficam restritas às salas de aulas, mas também se manifestam em atividades extracurriculares e domésticas.
O governo da Austrália criou um programa de iniciativas sustentáveis nas escolas (Australian Sustainable Schools Initiative) que promove de modo holístico o ensino, integrando questões ambientais, econômicas, educacionais e sociais. O programa não está voltado apenas para o desenvolvimento da consciência ambiental dos alunos, abrangendo também a própria forma como a escola gerencia seus recursos, como energia, água, resíduos, etc.
Programas de educação sustentável também estão em andamento na união européia através da iniciativa conhecida como EEE (European Environmental Education Initiative) com o fim de aumentar a sensibilidade da população para as questões ambientais. Reino Unido, Alemanha e França destacam-se como os países com o maior número de projetos em andamento. São ações destinadas a todas as idades e com o objetivo de demonstrar que a proteção ambiental é um problema global e que precisa da participação de todos.
Vários dos projetos focados no público infantil possuem alguma forma de interação online. Um exemplo deles é o jogo de separação de resíduos para reciclagem disponível no site do Ministério do Meio Ambiente alemão, no qual a criança deve ajudar o sapo ‘Willy’ a separar o seu lixo e a colocá-lo nas lixeiras corretas, aprendendo, assim, um pouco sobre a coleta seletiva.
Alguns programas interessantes são desenvolvidos pela Agência de Meio Ambiente e de Gestão da Energia francesa (Agence de L’environnement et de la Maîtrise de L’energie), a qual utiliza uma linguagem acessível para abordar diversos temas, tais como mudanças climáticas, gestão de resíduos e energia. Existem, ainda, jogos e testes para despertar o interesse de crianças e adultos, inclusive calculando a quantidade de gases de efeito estufa que foi emitida pelo indivíduo nos últimos meses (Le Test Climact) e quais medidas ele pode tomar para diminuir o seu “impacto climático” no ambiente.
No entanto, as iniciativas da união européia não estão direcionadas apenas para a conscientização de crianças e adolescentes. Um exemplo é o programa desenvolvido pelo Centro de Estudos em Sustentabilidade (Centre for Research Into Sustainability) no Reino Unido, que trabalha de forma interdisciplinar com estudantes de graduação e pós-graduação, visando diversificar o debate sobre as questões ambientais e difundir a responsabilidade social corporativa.
A educação ambiental é muito importante para a manutenção do equilíbrio ecológico, na medida em que visa melhorar o relacionamento entre o homem e a natureza. Partindo-se do pressuposto de que o amanhã começa a ser moldado hoje, a educação ambiental é um fator indispensável para se ter um futuro sustentável.
* Natascha Trennepohl é Correspondente Especial de Berlim (Alemanha), advogada e consultora ambiental, além de mestre em Direito Ambiental (UFSC).