POR – ELENI LOPES, DIRETORA DE REDAÇÃO
FOTOS – ROSE JORDÃO BINDA EXCLUSIVO PARA NEO MONDO
Enfrentar o diagnóstico e o tratamento do câncer de mama exige, além de determinação, o respaldo e amparo de amigos e familiares. Neste Outubro Rosa, NEO MONDO traz histórias de superação e solidariedade
“Eu venci um câncer de mama. E agora sou mãe!”. Essa frase resume a história de superação de Anne, diagnosticada com câncer de mama aos 36 anos. Sua mãe teve a doença aos 29 anos, por isso os exames preventivos sempre fizeram parte de sua rotina. Em um deles, após a constatação de um nódulo na mama após um autoexame, mesmo com o diagnóstico de benignidade, a intuição alertou para algo errado, repetiu o exame e a confirmação da doença veio.
Foram seis meses de quimioterapia, mais um de radioterapia, superando todos os desafios e obstáculos do tratamento. “Tive um amparo muito grande da minha família. E eu estava começando um namoro. E falei pra ele: A casa caiu. Foge que eu não sei o que vai acontecer. Estamos começando uma história e é melhor não. E ele falou: Estou com você e não tem outro lugar que eu queira estar que não seja ao seu lado! Então eu tive esse carinho de família e de amigos. Mas é uma dor realmente sua. Por mais que você tenha respaldo, cuidados e amor das pessoas que estão a sua volta, é o momento de você centrar, porque aquilo está em você e este movimento de cura é seu”, conta.
Ao final, mais uma triste notícia: suas chances de engravidar eram mínimas. E, mais uma vez, desafiou os prognósticos, fez um tratamento por meio da doação de óvulos e hoje é mãe de Luana. A solidariedade de um grupo de gestantes de parto humanizado em que participava possibilitou que sua filha recebesse leite doado por estas mães, que se sensibilizaram com sua história e determinação.
O desfecho feliz da história de Anne foi possível graças ao diagnóstico precoce. Segundo o INCA (Instituto Nacional de Câncer), o câncer de mama é o mais comum entre as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma, respondendo por cerca de 28% dos casos novos a cada ano. Em 2016, foram estimados 57.960 novos casos e cerca de 14.300 óbitos. Relativamente raro antes dos 35 anos, sua incidência cresce progressivamente após esta idade, especialmente após os 50 anos. Estatísticas indicam aumento da sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento. O que poucos sabem é que ele também acomete homens, representando apenas 1% do total de casos da doença.
E já se tornou tradicional em outubro a realização da Campanha Outubro Rosa, com ações de conscientização sobre o câncer de mama em todo o país. A fotógrafa Rose Jordão Binda, de São Paulo (SP), decidiu se engajar na iniciativa este ano ao retratar gratuitamente os seios de 31 mulheres para incentivar o auto-exame e a prevenção da doença. São dela as fotos que ilustram esta matéria, na série #mamarosa. Além de Anne, outras mulheres participaram dos ensaios e compartilharam suas histórias, com destaque para um grupo de mulheres chamadas Amas de leite modernas. “A gestação gerou o encontro dessas mulheres e o câncer construiu uma enorme corrente de amor. Não eram amigas, mas tinham a mesma obstetra que fazia encontros coletivos para discutir assuntos direcionados à maternidade. Em uma dessas reuniões, o assunto foi amamentação e, para surpresa do grupo, uma integrante se manifestou dizendo que gostaria muito de dar leite materno para a filha, mas um câncer agressivo lhe tirou as mamas. Prontamente uma futura mamãe apontou o desejo de doar leite e, em efeito dominó, mais uma, mais uma e mais uma gestante, até que formaram um grupo de doadoras”, conta Rose. (Confira a galeria de fotos abaixo)
Diagnóstico precoce é fundamental
De acordo com o INCA, a prevenção do câncer de mama não é totalmente possível em função da multiplicidade de fatores relacionados ao surgimento da doença e ao fato de vários deles não serem modificáveis. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama. Controlar o peso corporal e evitar a obesidade, por meio da alimentação saudável e da prática regular de exercícios físicos, e evitar o consumo de bebidas alcoólicas são recomendações básicas. Indica-se que mulheres entre 50 e 69 anos façam uma mamografia a cada dois anos.
Alda é outra vencedora retratada na série #mamarosa . Ela perdeu uma irmã vítima do câncer de mama há 6 anos e também foi vítima da doença. Foi diagnosticada várias vezes com nódulos benignos até que, assim como Anne, insistiu para fazer a biópsia que detectou a doença. Foram 6 meses de tratamento, 16 sessões de quimioterapia e já são 6 anos de vitória.
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