POR – CENTRAL PRESS
Algumas empresas estão se preparando para mudanças e outras já estão utilizando fontes alternativas
SNPTEE acontece em Curitiba (PR)
Crédito: Luciana Sálvaro / Central Press
Respondendo por cerca de 30% do consumo do País, o mercado livre de energia deve atingir cerca de 50% se o novo marco legal do setor elétrico se tornar realidade. Pela proposta, até 2028, os consumidores de alta e média tensão – chamados de Grupo A – poderão comprar energia nesse ambiente, evitando “uma transição muito acelerada sem a adequada preparação e adaptação dos instrumentos e elementos de coesão que garantam a sustentabilidade”, diz a consulta pública.
No entanto, para ter sucesso nesse ambiente, há necessidade de se preparar em função das variáveis existentes. Os chamados consumidores livres podem comprar energia diretamente dos geradores, discutindo os detalhes dos contratos, como preços, prazos, volume, entre outros critérios, incluindo a forma de distribuição. Por esse motivo, o mercado de consultoria e assistência às empresas e indústrias ganha cada vez mais espaço.
Para João Carlos de Oliveira Mello, presidente da Thymos Energia, o segmento é promissor e representa o futuro. “É preciso encontrar meios para expandir o sistema, que deve chegar a 50% do consumo do País”, afirmou na segunda-feira (23), durante sessão plenária sobre o marco legal, no Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica (SNPTEE), que aconteceu em Curitiba (PR). O ministro interino de Minas e Energia, Paulo Pedrosa, reforçou que, para se tornar protagonista, o mercado livre não pode viver de “sobras ou de subsídios”.
Na opinião do superintendente de Compra e Venda de Energia da Copel, Marcílio Nagayama, a reforma do setor vai ampliar o mercado livre, aproximando da realidade vivida em outros países, como Inglaterra e Austrália. “Eventualmente, o consumidor de baixa tensão vai poder escolher o seu próprio supridor. O que se discute é a velocidade para chegar lá, pois há necessidade de ser sustentável para todos”, pondera.
Os benefícios
De acordo com Nagayama, as empresas que já participam do mercado livre de energia obtêm vantagens, desde que conheçam o funcionamento e as regras e saibam atuar de forma inteligente.
O principal interesse das companhias é reduzir custos. “O primeiro benefício é o preço da energia, pois o preço flutua de acordo com a oferta. Se ela for capaz de aproveitar o momento, pode contratar nos momentos mais adequados”, explica Nagayama. “Em segundo lugar, as empresas podem negociar as condições de fornecimento, de acordo com as características de consumo de sua instalação”, ressalta o superintendente da Copel, que participa do ambiente livre por meio da Copel Energia, com atuação em 14 Estados.
Um dos exemplos é a Rede de Hotéis Deville, que utiliza o mercado livre de energia desde julho de 2016. O projeto de migração para o Ambiente de Contratação Livre (ACL) levou 180 dias e contou com um investimento da Rede de R$ 470 mil. E os resultados já puderam ser mensurados. “A economia gerada com este modelo de compra superou a faixa dos R$ 2,4 milhões e a migração contribuiu no desempenho das unidades da Rede com a simplificação das operações, desligamentos de geradores e a baixa emissão de gases”, explica o gerente de patrimônio e manutenção da Rede de Hotéis Deville, Alan Nogueira.
Novas necessidades e economia
Embora pareça uma oportunidade de ouro para muitos consumidores, saber operar com qualidade neste mercado não é simples. “Quem migrou no ano passado, teve uma redução na ordem de 40% no custo da energia. Já neste ano, quem está saindo agora, não está atingindo a mesma economia, explica Nagayama. De certa forma, o mercado livre exige que as empresas se preparem ou procurem assistência para saber o momento adequado de fazer contratações e as melhores formas de negociar.
De acordo com projeções da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), entre 2003 e 2016, as companhias que já integram o mercado livre de energia obtiveram uma economia total de R$ 70 milhões na comparação com o ambiente regulado. Outra estimativa da entidade mostra que, desde 2003, o mercado livre proporcionou uma economia de 18% na comparação com o mercado cativo.