Por – Silvia Dias, direto de Bonn (Alemanha) para NEO MONDO
No mesmo dia em que tem início a conferência da ONU sobre mudanças climáticas, os ministros da saúde das sete maiores economias do mundo, incluindo os EUA, reunidos na Itália, concordaram com um comunicado de saúde que descreve claramente o impacto da mudança climática na saúde das pessoas.
O comunicado – que contém programas e plataformas concretos para trabalhar para limitar o impacto da degradação ambiental na saúde – foi assinado depois que os governos negociaram durante a noite e está sendo divulgado quando as negociações climáticas da ONU se iniciam em Bonn, na Alemanha.
Este resultado mostra o crescente abismo entre o resto do mundo e a administração dos EUA. É o resultado do G6 (Reino Unido, Alemanha, Itália, França, Japão e Canadá) assumindo uma posição firme sobre as mudanças climáticas, sem recuar diante da pressão da Administração Trump para podar as referências climáticas.
O comunicado também destaca um paradoxo dentro da abordagem da própria Administração Trump, pois embora a oposição ideológica às palavras “mudança climática” permaneça fervorosa, o governo já está lidando com os impactos climáticos e está envolvido em programas para limitar o dano à população.
Ainda dentro da agenda de saúde e mudanças do clima, esta semana em Bonn, a Cúpula do Clima e da Saúde de 2017 acontecerá no dia 11 de novembro, em paralelo às negociações climáticas. A Cúpula focará, pela perspectiva da saúde, em ações em cidades e regiões para avançar a implementação de metas nacionais no âmbito do Acordo de Paris e impulsionar a ambição crescente em compromissos climáticos.
Além disso, na próxima quinta-feira, 9 de novembro, médicos e vários representantes de alguns dos principais hospitais e sistemas de saúde da Europa terão uma reunião própria, discutindo a resposta da saúde às mudanças climáticas.
A relação entre mudanças climáticas e saúde está cada vez mais evidente. Um relatório pioneiro, Lancet Countdown: Tracking Progress on Health and Climate Change foi lançado na semana passada documentando as várias maneiras pelas quais a mudança climática está afetando a saúde das pessoas em todo o planeta hoje. A resposta adiada às mudanças climáticas nos últimos 25 anos prejudicou a vida humana e os meios de subsistência. Por exemplo, o relatório descreve que mais 125 milhões de pessoas ao redor do mundo foram expostas a ondas de calor a cada ano entre 2000 e 2016. Um recorde de 175 milhões de pessoas foram expostas a ondas de calor em 2015.
Também na semana passada, a primeira iteração da National Climate Assessment foi divulgada pela Administração dos EUA – confirmando que a mudança climática já está afetando os EUA e que a atividade humana que queima combustíveis fósseis é a responsável.
Você encontra o comunicado do G7 aqui e também no arquivo anexo.
Você pode ler o discurso da OMS feito na Cúpula aqui.