POR – DEUTSCHE WELLE
Liderados por Canadá e Reino Unido, 20 países assinam acordo que incentiva eliminação do carvão como fonte energética. Compromisso, porém, deixa de fora maiores usuários, como China, EUA, Alemanha e Rússia
Indústria carvoeira na Alemanha – apesar de retórica ambientalista, Berlim não dá sinais de abandonar carvão
Liderados por Canadá e Reino Unido, 20 países lançaram uma nova aliança destinada a incentivar a eliminação do uso de carvão, durante a Conferência do Clima COP23, em Bonn, na Alemanha. Alguns dos signatários, porém, já não fazem uso do carvão como fonte energética.
Sob a aliança (Powering Past Coal Alliance), países, cidades e regiões se comprometem a abdicar da fonte responsável por 40% da energia mundial – o carvão é considerado o principal propulsor do aquecimento global, como fonte de energia que libera a maioria dos gases de efeito estufa.
Ao lado de Canadá e Reino Unido, a lista inclui Angola, Áustria, Bélgica, Costa Rica, Dinamarca, El Salvador, Finlândia, França, Holanda, Ilhas Fiji, Ilhas Marshall, Itália, Luxemburgo, México, Niue (ilha no Pacífico que está vinculada à Nova Zelândia por um acordo de associação), Nova Zelândia, Portugal e Suíça. Além disso, fazem parte do pacto províncias canadenses, a cidade de Vancouver e os estados americanos de Washington e Oregon.
“Este é outro sinal positivo de um impulso global de afastamento do carvão para beneficiar a saúde do clima, da população e da economia”, disse Jens Mattias Clausen, da organização ambientalista Greenpeace. “Mas também emite um aviso aos governos que estão atrasados no corte do carvão, ou àqueles que o promovem, que o combustível fóssil mais poluente do mundo não tem futuro.”
Suécia e Escócia, juntamente do estado americano da Califórnia e as cidades de Pequim, Berlim e Nova Déli, também afirmaram que eliminarão o carvão como fonte energética, mas não fazem parte da aliança.
“Para atender ao objetivo do Acordo de Paris de ficar abaixo de 2 graus Celsius precisamos eliminar o carvão”, disse a ministra do Meio Ambiente e Alterações Climáticas do Canadá, Catherine McKenna, numa coletiva de imprensa em Bonn. “Há também uma urgência – o carvão está literalmente sufocando e matando pessoas. O mercado mudou, o mundo mudou. O carvão não tem volta.”
A aliança, que não é juridicamente vinculativa, visa ter ao menos 50 membros na próxima conferência do clima da ONU, que será realizada em 2018, em Katowice, na Polônia – uma das cidades mais poluídas da Europa. Alguns dos maiores usuários de carvão como fonte energética no mundo, como China, Índia, EUA, Alemanha e Rússia não assinaram o acordo.
Aliás, tendências apontam que a atual anfitriã da Conferência do Clima Alemanha (muito devido à projetada saída da energia nuclear) e a Polônia devem manter a indústria carvoeira, enquanto Indonésia, Vietnã e EUA anunciaram planos de expandir suas produções nos próximos anos.
O ritmo lento da saída alemã da energia do carvão dominou esta semana, em Berlim, as negociações de formação de um novo governo alemão.
O lançamento da Powering Past Coal Alliance ocorreu poucos dias depois que funcionários do governo dos EUA, juntamente com representantes de empresas de energia, lideraram um evento paralelo à COP23 para promover “combustíveis fósseis e energia nuclear em mitigação climática”.
O evento desencadeou um protesto pacífico de manifestantes contrários ao uso do carvão e aborreceu muitos ministros que trabalham num livro de regras pra a implementação do Acordo de Paris de 2015, que visa afastar a economia mundial de combustíveis fósseis.