POR – CENTRAL PRESS
Prática aproxima as pessoas da natureza e ajuda a identificar problemas existentes no meio ambiente
O colorido das borboletas atraem olhares de curiosos
Acervo Fundação Grupo Boticário
Em meio aos carros e prédios das grandes cidades é cada vez mais raro a presença da natureza e das belezas que ela oferece. No entanto, não muito longe dos centros urbanos, alguns locais oferecem uma proximidade com áreas naturais, como parques e praças, por exemplo. São nesses lugares que insetos como as borboletas podem ser encontrados e contemplados principalmente por apreciadores que praticam a chamada observação de borboletas.
A prática, semelhante ao conhecido birdwatching (observação de aves), nada mais é do que a saída para perto da natureza para avistar diversas espécies de borboletas e suas coloridas asas. Muitos desses insetos são encontrados em áreas densas de florestas, outros em áreas abertas; alguns se alimentam de néctar, outros de frutas fermentadas e outros, ainda, nem se alimentam, pois não possuem aparelho bucal. Já que as borboletas são tão diversas e excelentes indicadoras da qualidade do ambiente, a prática é realizada em muitas áreas protegidas, como forma de medir o grau de conservação dos ecossistemas naturais. A atividade também é considerada uma importante ferramenta de monitoramento científico, pois permite identificar quais espécies existem em determinado local, como elas se relacionam com o ecossistema onde vivem e como a presença de algumas espécies podem indicar o grau de conservação dessas florestas.
“A observação de borboletas ainda é pouco conhecida, mas é importante que as pessoas se interessem por ela. As borboletas são excelentes indicadores de qualidade do ambiente onde são encontradas, podendo ser chamadas de termômetros ambientais. Em áreas preservadas, por exemplo, a composição das espécies que encontramos é diferente das existentes nas áreas desmatadas”, explica Natacha Sobanski, colaboradora da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.
Para incentivar o exercício de observação, a instituição realizou no último final de semana uma saída de campo na Reserva Natural Salto Morato, mantida pela própria Fundação Grupo Boticário e localizada no litoral do Paraná. Ao todo, participaram cerca de 20 voluntários, entre especialistas, moradores da região e estudantes, que puderam praticar também a observação noturna de mariposas.
Para Natacha, observar borboletas vai muito além de um passeio em meio à natureza, trata-se de um exercício de sensibilização ambiental, principalmente quando envolve a sociedade.” As borboletas são, além de importantes para o ecossistema, bonitas e carismáticas. Por isso é essencial a utilização delas em trabalhos de ciência cidadã e sensibilização ambiental, pois é uma forma fácil de aproximar o público da natureza”, analisa.
Ivan Bueno, morador da cidade de Guaraqueçaba foi um dos participantes e definiu o encontro como positivo, principalmente pela aproximação da população local com os pesquisadores. “Essa aproximação é interessante tanto na questão social quanto educacional. Acredito que ambas as partes saem ganhando. Particularmente, acho que conhecimento nunca é demais e tudo que vem para somar, com certeza, vale a pena. Sem dúvida, essa iniciativa vem ao encontro do propósito da preservação, de conhecer o meio onde vivemos e compreender a importância em manter o equilíbrio ambiental”, define.
Esta é a primeira vez que o monitoramento de borboletas é realizado na Reserva e a atividade vai contribuir para que seja feito um inventário de borboletas do local. “Temos aqui o monitoramento de aves, que também são indicadores do meio ambiente, da flora local, e agora vamos iniciar com as borboletas. Quanto mais informações tivermos sobre a biodiversidade da Reserva em longo prazo, maior será a nossa compreensão sobre a efetividade da Reserva Natural Salto Morato na conservação da natureza”, analisa.