POR – EFE / NEO MONDO
EFE/Juan Manuel Barrero
Leituras, conferências e debates integram “Hora de Clarice”, um evento que acontece neste fim de semana e nos próximos dias em vários estados brasileiros e em sete países do mundo sobre Clarice Lispector, uma das principais figuras da literatura latino-americana.
Promovido pelo Instituto Moreira Salles (IMS) e por instituições parceiras, a “Hora de Clarice” lembra o nascimento da escritora – na cidade de Chechelnyk, na Ucrânia, em 10 de dezembro de 1920 – e também a sua morte, em 9 de dezembro de 1977, no Rio de Janeiro.
Além disso, este ano, a iniciativa pretende comemorar os 40 anos do lançamento de “A hora da estrela”, o último romance publicado pela autora alguns meses antes de morrer, conforme explicou à Agencia Efe o coordenador do IMS e professor de Universidade Federal do Rio de Janeiro, Victor Doblas.
Chaya Pinkhasovna Lispector chegou em Recife com cinco anos e aos 14 se mudou para o Rio de Janeiro, onde estudou Direito, começou a trabalhar como jornalista e desenvolveu boa parte da sua carreira literária.
No Brasil, a homenagem inclui leituras dramatizadas, encontros com tradutores e uma análise de “A Paixão Segundo G.H.”, segundo Doblas. Já nos Estado Unidos, a companhia de teatro Grupo BR fará amanhã, em Nova York, cenas do espetáculo “Dentro do Coração Selvagem”, previsto para estrear no ano que vem.
Na Espanha, a escritora será homenageada entre os próximos dias 11 e 15 no consulado geral do Brasil em Barcelona. Já em Portugal, o evento acontecerá amanhã em Lisboa, com o lançamento de uma biografia da autora escrita por Benjamin Moser, e nos Açores, com uma conferência com o escritor Carlos Mendes de Sousa.
A comemoração chega à Turquia, onde será publicada “A paixão segundo G.H.” (pela editorial MonoKL), e na embaixada do Brasil na Holanda será desenvolvido um ato de divulgação da sua obra. Na Alemanha, será realizado um tributo, com workshop neste sábado em Berlim, e na França, acontecerá amanhã um evento sobre o livro “Clarice Lispector: Nouvelles – Édition complete” em Paris.
Clarisse Lispector, que morreu aos 56 anos, vítima de um câncer de ovário, foi comparada a nomes como Virgínia Woolf e James Joyce, e quatro décadas depois da sua partida mantém uma indiscutível projeção internacional. Não à toa foi a primeira escritora brasileira a ser capa do suplemento “The New York Times Book Review”, em 2015, uma das publicações de resenhas de livros mais influentes e lidas em nível mundial.
“Além de ser objeto de uma extensa e profunda bibliografia crítica, a sua obra consegue aliar profundidade formal e apelo humano, algo extremadamente raro, o que faz dela uma das melhores escritoras do mundo, admirada tanto dentro quanto fora do Brasil”, destacou o coordenador do IMS.
Victor Doblas concorda com o escritor Evando Nascimento em enquadrar a obra de Clarice Lispector numa “literatura pensante”, capaz de unir de forma magistral o narrar e o refletir. A sua obra, apontou em declarações à Efe, continua gerando interesse como poucas no Brasil, inclusive em termo de vendas.
“É uma das autoras mais lidas no país. Quem lê Clarice não a esquece”, concluiu.