POR – CENÁRIO AGRO / NEO MONDO
Realizado em São José dos Campos, interior de São Paulo, programa é direcionado a população em vulnerabilidade social
“Fiquei sabendo pela minha filha. Achei ótimo o curso, aprendi muita coisa – a fazer composto orgânico, em como cuidar da horta. Vendemos o que colhemos na feirinha a cada 15 dias e isso tem me ajudado bastante. E vai melhorar ainda mais quando a gente começar a fornecer para restaurantes”. O depoimento animador é de Joseli dos Santos Rodrigues, 53 anos, mãe de quatro filhos e catadora de material para reciclagem há dez anos.
Assim como ela, cerca de 20 famílias em São José dos Campos/SP, em situação de vulnerabilidade social, participam do Projeto Horta Escola, realizado pela ONG Instituto Alpha Lumen (IAL), com apoio de empresas da região. “Trabalhamos com projetos de impacto social e ambiental. Atuamos sob dois eixos – divulgar conhecimento e apoiar soluções criativas”, explica Nuricel Villalonga, fundadora do Instituto. “O que queremos com o Horta Escola é que estas pessoas se tornem microempreendedoras urbanas; que tenham mais recursos para melhorar a qualidade de vida”, completa.
Para isso, o projeto atua na capacitação dos interessados. No curso, que tem duração de seis meses, os participantes aprendem como fazer uma horta, técnicas de manejo e de plantio, além de aulas de educação financeira e também de marketing, para a venda dos produtos. Por conta do valor de mercado, hortaliças e condimentos têm sido priorizados. “Contamos com um grupo de profissionais e de voluntários, que vão de agrônomos, biólogos, administradores e de marketing, que fazem o programa ser uma realidade”, conta Nuricel.
Boa parte do que é produzido no Programa é dividido entre escolas e creches municipais próximas. E o restante é comercializado pelos participantes.
“O que queremos é transformar a realidade destas pessoas e usar a horta como um instrumento para estimularmos o microempreendedorismo” diz Silvia Kato, agrônoma e consultora técnica do curso. “Este curso me trouxe muito conhecimento. Está muito bem estruturado porque não nos ensina só a fazer a horta, mas como mantê-la. As aulas de marketing também foram muito interessantes”, conta Alice Ingrid Rodrigues Martins, 18 anos, aluna do 1º ano do ensino médio. “Minha mãe e minha avó também fizeram o curso e isso foi muito legal também”, diz.
“Nossa maior dificuldade hoje é encontrar terrenos para arrendar e fazer a horta. O ideal é que este trabalho seja feito em áreas ociosas, inutilizadas”, diz Nuricel. “Nosso anseio é também de que estas pessoas que estão se formando, sejam multiplicadores de conhecimento e que depois de três ou quatro turmas, o projeto caminhe sozinho com a manutenção somente da consultoria técnica”, finaliza.