POR – ONU / NEO MONDO
Em 2016, 20% da população mundial fumou tabaco. No mesmo ano, existiam 1,1 bilhão de fumantes adultos em todo o planeta, número que se manteve praticamente inalterado desde 2000. É o que revela um novo levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado para o Dia Mundial sem Tabaco, lembrado nesta semana (31). O consumo da substância mata 7 milhões de pessoas por ano
Em 2018, a agência da ONU se uniu à Federação Mundial do Coração para alertar sobre os riscos que o cigarro traz ao funcionamento do sistema cardiovascular. Por ano, as doenças cardiovasculares provocam 17,9 milhões de óbitos – 44% de todas as mortes por patologias crônicas não transmissíveis.
Além dos mais de 1 bilhão de fumantes adultos, a OMS estima que, em 2016, pelo menos 367 milhões de indivíduos eram usuários de produtos derivados do tabaco que “não produzem fumaça”. Na comparação com o ano 2000, a quantidade absoluta de fumantes não mudou – embora a proporção dessa parcela em relação à população mundial tenha diminuído, de 27 para 20%.
Entre homens com 15 anos ou mais, 43% fumaram tabaco em 2000, em comparação aos 34% de 2015. Já em relação às mulheres, 11% fumaram em 2000 e 6%, em 2015.
Segundo a OMS, os valores indicam uma redução contínua, mas em ritmo lento – o que torna inviável a meta de reduzir em 30% o consumo de tabaco até 2025. Se a tendência vigente permanecer estável, apenas um em cada oito Estados-membros do organismo internacional alcançará esse objetivo. Na média, o mundo atingirá um decréscimo de 22% até 2025.
Em todo o mundo, mais de 24 milhões de crianças entre 13 e 15 anos fumam cigarros – 17 milhões de meninos e 7 milhões de meninas. Isso equivale a 7% de todos os jovens nessa faixa etária. Outros 13 milhões consomem produtos de tabaco “sem fumaça”.
Mais de 80% dos fumantes vivem em países de baixa e média renda. A prevalência do tabagismo está diminuindo mais lentamente nos países pobres do que nos países ricos. Atualmente, uma em cada quatro nações possui dados insuficientes para monitorar essa epidemia.
O consumo do tabaco e a exposição à sua fumaça – o chamado fumo passivo – são as principais causas dos problemas cardiovasculares, contribuindo para cerca de 3 milhões de mortes por ano. Contudo, pesquisas científicas revelam uma grave falta de entendimento do público sobre os múltiplos perigos de saúde associados ao cigarro.
“A maioria das pessoas sabe que o consumo de tabaco causa câncer e doenças pulmonares, mas muitas delas não sabem que o tabaco também causa doenças cardiovasculares e acidentes vasculares cerebrais – os principais assassinos do mundo”, afirma Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS.
Na China, por exemplo, mais de 60% da população não sabe que fumar pode causar ataques cardíacos, de acordo com a pesquisa Global Adult Tobacco Survey (Pesquisa Global sobre Tabaco entre Adultos, em tradução livre para o português). Na Índia e na Indonésia, mais da metade dos adultos não sabem que fumar pode causar acidentes vasculares cerebrais.
Para o especialista Douglas Bettcher, autoridade máxima da OMS em prevenção de doenças crônicas não transmissíveis, os governos “têm em suas mãos” o poder e o conhecimento para proteger os pulmões – e os corações – dos cidadãos.
“Entre as medidas que reduzem os riscos para a saúde do coração representados pelo tabaco, estão: tornar todos os espaços públicos e locais fechados totalmente livres do fumo e promover o uso de advertências sobre embalagens de tabaco que demonstrem os riscos que ele traz à saúde”, explicou.
Segundo Svetlana Axelrod, diretora-geral adjunta para patologias não transmissíveis e saúde mental da agência da ONU, “devemos superar os obstáculos à implementação de medidas como tributação, proibições de comercialização e implementação de embalagens simples”.
“Nossa melhor chance de sucesso é por meio da união global e forte ação multissetorial contra a indústria do tabaco”, completou.