POR – ICMbio / NEO MONDO
Em 2017, apenas 0,07% da área da unidade de conservação foi atingida pelo fogo. O resultado considerado inédito, é decorrente de ações empregadas nas áreas de monitoramento, combate e investigação
O Parque Nacional da Chapada Diamantina (PNCD) registrou, no ano passado, o menor índice de incêndios dos últimos 16 anos e, provavelmente, o da sua história. A área total atingida foi de aproximadamente 113 hectares, o que equivale a apenas 0,07% do seu território. O resultado é considerado um avanço, visto que os incêndios florestais são considerados o maior problema da unidade de conservação (UC).
Em 2017, na temporada de incêndios, que é contabilizada de fevereiro a março, foram registrados 19 focos, um número muito pequeno comparado à média histórica. No ano de 2002, por exemplo, quando os incêndios passaram a ser monitorados com maior precisão, foram registrados cerca de 250 focos, um número 13 vezes maior.
Dados coletados pela estação pluviométrica de Lençóis mostram que, apesar do clima cada vez mais seco, foi possível diminuir as áreas queimadas. Em 2015, por exemplo, quando mais de 20% da sua área foi atingida pelo fogo, caíram cerca de 730 mm de chuva, enquanto o ano 2017, apesar de ter recebido 100 mm a menos, teve quase 20 vezes menos o número de incêndios.
A partir disso, foi possível realizar uma série de investimentos em áreas estratégicas, como a implantação de um sistema de comunicação, a realização de cursos para qualificação profissional e a aquisição e manutenção de equipamentos. A gestão passou, então, a atuar de forma equilibrada em três pilares fundamentais: monitoramento, combate e investigação.
Esse conjunto de ações foi percebido claramente “no tempo de resposta aos incêndios”, afirma o gerente do fogo, Luiz Coslope. “Eles se tornaram muito mais rápidos. Nossa brigada passou a ser acionada imediatamente após os focos serem detectados, impedindo que se alastrassem”, explica.
Somado a isso, foi possível também conter incêndios de grande proporção localizados em áreas vizinhas, como o que ocorreu na região da Chapadinha, no final de 2017. “Apesar de ter atingido mais de 800 hectares, conseguimos proteger o Parque Nacional e impedir que o prejuízo fosse ainda maior”, destaca Coslope.
Outro fator considerado relevante para o bom resultado, é que a população está mais consciente e cooperante em diversos aspectos. “Ela deixou de fazer queimadas e passou a dar apoio no combate e na denúncia aos infratores. Além disso, muitas atividades realizadas dentro do Parque Nacional, que sempre utilizaram o fogo, estão deixando de existir, como o garimpo, a criação de animais e a coleta de sempre-vivas”, afirma o gerente do fogo.
Conheça as principais ações realizadas pelo Parque Nacional nos últimos dois anos:
Recuperação dos equipamentos já existentes, o que tornou possível o estabelecendo de comunicação em 40% da área do PNCD via rádio. O sistema funciona parcialmente e está sendo adaptado para realizar a cobertura total.
Inauguração da base de Mucugê
Foi resultado de um processo de regularização fundiária, que possibilitou adequar uma das edificações da área indenizada para receber brigadistas e equipamentos. Assim, o PNCD passou a operar com duas bases: uma em Palmeiras, que atende a região norte e centro, e a de Mucugê, que atende a região sul.
O SCI é uma ferramenta padronizada utilizada em incêndios florestais nos EUA e países da Europa, que visa à otimização dos recursos e maior segurança nos combates por meio da atuação conjunta de diversas instituições. O ICMBio realizou, em parceria com o IBAMA, um curso básico de SCI, em Andaraí, e contou com a participação de 40 pessoas de diversas entidades.
O investimento em fiscalização, perícia e investigação, permitiu com que os responsáveis por três incêndios fossem identificados, dois deles já foram multados e o terceiro está em processo de autuação.