POR – ONU / NEO MONDO
O Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) chama atenção para os esforços do país em proteger suas matas. Com o Projeto Siderurgia Sustentável, a agência da ONU e o governo promovem a produção do carvão vegetal oriundo somente de florestas plantadas para esse fim, evitando o desmatamento
A produção brasileira de carvão vegetal tem se tornado cada vez mais eficiente e hoje cerca de 90% do insumo vem de florestas plantadas, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Brasil é o único país do mundo que utiliza o carvão vegetal para a produção de ferro-gusa, aço e ferroligas. Entre 2005 e 2016, cerca de 25% do ferro-gusa brasileiro foi fabricado com carvão vegetal, enquanto que, no resto do mundo, a siderurgia utilizou apenas o carvão mineral, de origem fóssil.
No território nacional, Minas Gerais abriga a maior produção siderúrgica a carvão vegetal e a maior base florestal, motivo pelo qual o Projeto Siderurgia Sustentável é implementado no estado.
A gerente interina de projetos do PNUD no Brasil, Saenandoah Dutra, afirma que o investimento em tecnologias de produção sustentável do carvão vegetal traz ganhos para a indústria, pois “o carvão produzido a partir das florestas plantadas apresenta melhor qualidade”. “Com uso de processos adequados, (o insumo) rende mais com a mesma quantidade de madeira”, completa a especialista.
O projeto da agência da ONU também incentiva o manejo adequado das árvores, a fim de reduzir as emissões de gases do efeito estufa. As florestas plantadas absorvem o dióxido de carbono presente na atmosfera, funcionando como sumidouros dessa substância que é uma das causas do aquecimento global.
Por isso, o diretor do Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento em Ações sobre Mudança do Clima do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Adriano Santhiago, espera que os resultados do Siderurgia Sustentável sejam estruturantes para o enfrentamento da mudança do clima. Ainda de acordo com o gestor, a iniciativa também promove a conservação das bases florestais, com a redução da pressão sobre as matas nativas.
“O projeto tem fornecido subsídios relevantes para formular uma estratégia de desenvolvimento sustentável para a cadeia da produção de carvão vegetal a partir das florestas plantadas”, avalia o representante da pasta federal.
Desenvolvimento do mercado rural
Cultivadas especificamente como matéria-prima para produtos que fazem parte da vida das pessoas, como papel, produtos de higiene, móveis, entre outros, essas florestas plantadas também se destacam por alavancarem o desenvolvimento do Brasil rural. Empreendimentos do tipo contribuem para a fixação do trabalhador no campo, por meio da geração de empregos qualificados e renda.
De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), o país lidera o ranking de produtividade florestal, com média de 35,7 m³/ha/ano, o que representa quase duas vezes mais do que a produtividade dos países do Hemisfério Norte. Em 2016, a produção florestal alcançou 18,5 bilhões de reais, com a geração de 510 mil empregos diretos.
A área com florestas plantadas ocupa apenas 1% do território do Brasil, mas é responsável por 91% de toda a madeira produzida para fins industriais. Atualmente, segundo o IBGE, a área cultivada com florestas plantadas chega a 10 milhões de hectares, com destaque para as espécies eucalipto, pinus e acácia. As zonas de cultivo estão localizadas principalmente em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) tem como meta aumentar em 2 milhões de hectares a área de cultivos comerciais de florestas plantadas a partir da entrada em vigor do Plano Nacional de Desenvolvimento de Florestas Plantadas (PlantarFlorestas). O marco definirá ações para os próximos dez anos e está em fase de consulta pública até outubro. Sugestões podem ser enviadas ao e-mail [email protected].
O Projeto Siderurgia Sustentável é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) e implementado pelo PNUD. A execução do projeto tem a participação ainda do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e o governo de Minas Gerais, com recursos do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF).