POR – ROSENILDO FERREIRA, PARA COALIZÃO VERDE (1 PAPO RETO, CENÁRIO AGRO e NEO MONDO)
O ano de 2018 foi marcado por emoções fortes. Tanto no campo político, em virtude da acirrada campanha eleitoral, quanto no econômico, a partir da expectativa com a retomada que se dá em passos lentos
Neste contexto, seria esperado que as empresas fechassem o caixa. Afinal, o pior cenário é a incerteza, como gosta de repetir o presidente do Grupo Boticário, Artur Grynbaum. Apesar de todos os desafios, o executivo contou que a empresa investiu R$ 300 milhões ao longo do ano. O montante foi gasto na ampliação de fábricas, Centros de Distribuição, logística e sistemas de produção.
Esta aparente contradição entre o discurso e a prática foi explicada por Grynbaum de uma forma bastante transparente, durante o Grupo Boticário Summit, que reuniu, na quinta-feira 6, em São Paulo, o alto escalão de todas as marcas da empresa: O Boticário, Eudora, Quem Disse Berenice, The Beauty Box e Vult. “O que nos move é uma visão otimista em relação ao Brasil que dá certo, que produz e que trabalha”. Para, em seguida, emendar: “Nosso otimismo vem de nosso propósito que é o que nos ilumina há 41 anos”.
Artur Grynbaum, presidente do Grupo Boticário – Foto: Divulgação
De fato, o conglomerado cujas receitas anuais estão na casa dos R$ 12 bilhões, sempre se destacou por um olhar diferenciado das oportunidades de negócios e de construção de valor agregado a partir de ações pioneiras. Foi a primeira a se expandir a partir do sistema de franquia, é pioneira na abertura de unidades no exterior e também na criação de um braço socioambiental focado em biodiversidade.
“A Fundação Boticário de Proteção à Natureza nasceu em 1990, dois anos antes da Conferência Rio 92 (considerada um marco no debate mundial sobre ecologia), quando o tema sustentabilidade sequer fazia parte do discurso das empresas”, destaca Omar Rodrigues, coordenador de Sustentabilidade do Grupo Boticário. Ele explica que, se na época o foco era o reflorestamento de ecossistemas degradados, o trabalho evoluiu para diversos segmentos.
Omar Rodrigues, coordenador de Sustentabilidade do Grupo Boticário – Foto: Oscar Luiz / Coalizão Verde
Esta atuação de forma holística, enxergando a sustentabilidade como um componente da estratégia do negócio, permeou a fala de todos os executivos que passaram pelo palco do evento. “ A sustentabilidade deixou de ser uma ideia para se transformar no jeito de fazer as coisas”, destaca Lia Azevedo, vice-presidente de RH, sustentabilidade e comunicação. Exemplos, de acordo com ela, não faltam. “Fomos pioneiros no Brasil em abolir os testes de produtos em animais, em 2000, e hoje contamos com o maior programa de logística reversa de embalagens, do País”.
Assim como se destacou nas causas ecológicas e na produção sustentável, o Grupo Boticário vem apostando forte, também, no segmento de Tecnologia da Inovação (TI). Para isso, investe entre 2,5% e 3% da receita líquida anual em inovação. No total, são 3,5 mil produtos desenvolvidos por ano, incluindo um cosmético que está sendo feito por meio de Inteligência Artificial (IA). Trata-se de um processo pioneiro, no mundo, mas que, de acordo com o presidente Grynbaum, não irá afetar a essência do Grupo Boticário. “Para nós, a inovação tem mais relação com as pessoas do que com as máquinas”.
Lia Azevedo, vice-presidente de desenvolvimento humano e organizacional do Grupo Boticário – Foto: Oscar Luiz / Coalizão Verde