POR – AVIV COMUNICAÇÃO / NEO MONDO
Após anúncio do nome que irá ocupar a cadeira do MMA no ano que vem, jovens brasileiros entregam prêmio de reconhecimento ao atual ministro Edson Duarte
Jovens voluntários da ONG Engajamundo presentes na COP 24 presentearam o atual ministro do Meio Ambiente Edson Duarte com o título “último ministro que liga para o clima – e não faz mais do que a obrigação” após a reunião da delegação oficial do Brasil durante a conferência.
Apesar das expectativas globais sobre a finalização do livro de regras do Acordo de Paris nas paisagens nevadas da Polônia, a COP 24 até agora foi marcada por impasses e discordâncias entre os negociadores e deve se encaminhar para a entrega de um texto final inconsistente.
Foto: Divulgação
Alheio às negociações, um sentimento de preocupação e solidariedade como uma reação ao futuro da agenda de clima no Brasil permeou os corredores da conferência. Logo no início da segunda semana, quando tem início o segmento de alto nível com participação dos ministros dos países presentes, o presidente eleito anunciou a nomeação do ruralista e antigo secretário do meio ambiente pelo estado de São Paulo Ricardo Salles – réu em uma ação civil pública por fraude ambiental movida pelo MP de São Paulo. Apesar de o ministro ter manifestado na terça feira (11) que o presidente eleito não deve fazer articulações para tirar o Brasil do Acordo de Paris, em declarações recentes afirmou que a questão climática é “secundária” e “inócua” e questionou se o aquecimento global se deve “à dinâmica geológica” da Terra. Por essas e outras tão preocupantes quanto, especialistas e organizações da sociedade civil garantem que o MMA deve assumir uma posição de subordinação ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA).
“A decisão de desistir de receber a COP 25 no Brasil, as propostas de campanha que vão contra a qualquer bom senso ambiental são sinais alarmantes do caminho que seguiremos dentro desta agenda no novo governo eleito”, disse João Henrique Alves Cerqueira, coordenador do Grupo de Trabalho de Mudanças Climáticas da ONG Engajamundo. Ele citou a perseguição de movimentos sociais, a negativa em reconhecer os direitos dos povos originários aos seus territórios, a falta de conhecimento sobre o que está no Acordo de Paris e a indicação de ministros que acreditam que as mudanças no clima são ou estratégias marxistas para impedir o desenvolvimento.
Entre trancos e barrancos conseguimos implementar políticas públicas que ajudaram a reduzir as nossas emissões e desmatamento, mas ainda estamos longe de conseguir fazer nossa parte nas ações globais necessárias para impedir consequências trágicas do aquecimento global, como enfatiza o relatório 1.5 do IPCC. Os negociadores brasileiros sempre estiveram abertos a receber os jovens e abrir espaço para que participássemos de ambientes como a COP, abertura essa que é essencial para que a juventude brasileira possa se inserir e colaborar na construção do desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, iniciativa que infelizmente não vemos do governo federal. “Acreditamos que ministros que não negam as mudanças do clima e agem ativamente para mitigá-las não estão fazendo um favor aos ambientalistas e sim nada mais do que suas obrigações com o planeta”, disse Cerqueira. “Já temos evidências suficientes para corroborar o que está acontecendo e precisamos de mais ambição dos países para evitar resultados catastróficos, não temos mais tempo para debater fake news de setores que negam dados científicos por conta de discursos ideológicos.”