POR – DOUGLAS SANTOS (WWF) / NEO MONDO
A pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (IUU, sigla em inglês para Illegal, Unreported and Unregulated) é um dos principais problemas que dificultam a pesca sustentável, inclusive na América do Sul
O “Workshop Internacional sobre Sistemas de Rastreabilidade de Recursos Pesqueiros na América do Sul”, aconteceu entre os dias 5 e 7 de fevereiro, em Lima. O evento foi organizado pelo WWF-Peru em conjunto com o Ministério da Produção (PRODUCE) peruano.
O evento reuniu mais de 50 participantes, entre empresas, representantes dos governos do Peru, Equador, Chile, Brasil e Argentina, além de representantes do WWF-Peru, Equador, Brasil, Chile, Estados Unidos e Japão, bem como de outras organizações não-governamentais. Uma das iniciativas para reduzir a pesca ilegal discutidas no encontro é a rastreabilidade da atividade ao longo da cadeia de fornecimento, produção e venda. Cada país compartilhou os avanços em seus respectivos sistemas de rastreabilidade considerando os componentes tecnológicos.
“Internacionalmente, a tendência é combater a pesca ilegal, pois representa uma séria ameaça à sustentabilidade dos recursos pesqueiros e ao emprego digno daqueles que dependem dessa atividade. Atualmente, mercados internacionais como a União Europeia, os Estados Unidos e o Japão, entre outros, exigem rastreabilidade que garanta a origem legal do recurso. Não atender a essas exigências internacionais pode resultar em importantes prejuízos sociais e econômicos na cadeia do pescado, além de incluir a possibilidade de fechamento de alguns mercados internacionais para nossos produtos”, explica Nicolás Rovegno, especialista em Pesca do WWF- Peru.
Especialistas de diversos países discutem como acabar com a pesca ilegal – © Jéffrey Dávila
Ressalta-se que a rastreabilidade é um mecanismo fundamental que permite não só o aprimoramento dos sistemas de monitoramento, controle e inspeção, mas, consequentemente, a qualidade do produto e o desenvolvimento econômico da pesca.
“Não podemos poupar esforços para resolver o problema da pesca ilegal com todas as ferramentas à nossa disposição através da lei como órgão regulador”, afirmou Javier Atkins, vice-ministro de Pesca e Aquicultura do Ministério da Produção.
O WWF- Peru vem promovendo a implementação de um sistema de rastreabilidade para a pesca artesanal e adaptável a diferentes situações. O sistema também fornece informações relevantes sobre as capturas acessórias de espécies protegidas que fornecem uma base para o desenvolvimento de medidas de mitigação que permitirão atender aos requisitos internacionais, afirmou Aimée Leslie, Diretora do Programa Marinho do WWF-Peru.
O WWF-Brasil, por meio da Aliança Cone Sul, tem demonstrado interesse na importação dessas tecnologias para implementar projetos pilotos em algumas das principais pescarias brasileiras. A Aliança Cone Sul é formada por escritórios do WWF no Brasil, Chile, Peru e Equador, além da Fundación Vida Silvestre Argentina, e tem como objetivo facilitar o compartilhamento de experiências e a cooperação entre os países em temas relacionados a pesca sustentável e conservação dos ambientes marinhos.