Documento elaborado pela CNI aponta fontes de financiamento para baixo carbono com o objetivo de gerar oportunidades de negócios e geração de empregos
Por – Eleni Lopes, DIRETORA DE REDAÇÃO
No início de abril, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) lançou a publicação “Financiamento para o Clima: um Guia para a Indústria”, com o objetivo de orientar empresários sobre os procedimentos para acessar as principais fontes nacionais e internacionais de recursos financeiros disponíveis para baixo carbono, visando a geração de novas oportunidades de negócios alinhadas com as necessidades da indústria.
De acordo com o documento, “apesar dos riscos inerentes às mudanças climáticas, o potencial de alavancagem de emprego e renda da indústria brasileira pode propiciar importantes oportunidades em razão de seus baixos índices de emissão de gases de efeito estufa (GEE), especialmente quando comparados aos principais competidores internacionais… Diante disso, a indústria pode se posicionar como provedora de soluções para o combate aos impactos da mudança do clima e aproveitar oportunidades provenientes da consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono, promovendo aumento de competitividade e de geração de emprego e renda.”
O compromisso nacional
Com a ratificação do Acordo de Paris, em 2015, os países vêm apresentando suas contribuições e esforços para conter os efeitos da mudança do clima, por meio de suas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDC). Como era esperado, o Brasil também desenvolveu sua NDC, com metas aplicáveis a todo o conjunto da economia. Abaixo os principais compromissos compactuados na NDC brasileira:
¬ Aumentar o consumo de biocombustíveis sustentáveis na matriz energética brasileira para aproximadamente 18% até 2030, aumentando a oferta de etanol, inclusive por meio do aumento da parcela de biocombustíveis avançados (segunda geração) e aumentando a parcela de biodiesel na mistura do diesel.
¬ Restaurar e reflorestar 12 milhões de hectares de florestas até 2030 para múltiplos usos.
¬ Expandir o uso de fontes renováveis, além da energia hídrica, na matriz total de energia para participação de 28% a 33% até 2030.
¬ Promover novos padrões de tecnologias limpas e ampliar medidas de eficiência energética e de infraestrutura de baixo carbono.
¬ Expandir o uso doméstico de fontes de energia não fóssil, aumentando a parcela de energias renováveis (além da energia hídrica) no fornecimento de energia elétrica para ao menos 23% até 2030, inclusive pelo aumento de participação de eólica, biomassa e solar.
¬ Alcançar 10% de ganhos de eficiência no setor elétrico até 2030.
No entanto, para sair do papel e tornar-se realidade, a NDC do Brasil necessita de políticas públicas, parcerias e financiamento. Apenas para dar um exemplo: estudos realizados pela CNI revelam que são necessários investimentos de cerca de R$ 316 bilhões no setor elétrico e de R$ 140 bilhões no setor sucroenergético, visando ao cumprimento das medidas adicionais da NDC. Ou seja, muito ainda precisa ser feito para que os compromissos saiam do papel e representem verdadeiramente casos concretos de economia de baixo carbono.
Mas quais as oportunidades que a economia de baixo carbono traz para o País?
De acordo com o documento, apesar dos riscos que as mudanças climáticas trazem para a indústria brasileira caso nenhuma medida seja tomada, o mesmo cenário abre uma “janela de oportunidades para a geração de uma agenda positiva com foco no aproveitamento de oportunidades advindas da consolidação de uma economia de baixa emissão de carbono no setor industrial”.
Segundo o guia, a matriz energética com alta participação de fontes renováveis, a disponibilidade de recursos hídricos e megabiodiversidade são fatores positivos que, quando alinhados às estratégias nacionais de desenvolvimento econômico, podem trazer ganhos para a indústria nacional, “reposicionando-a como provedora de soluções ao combate aos impactos da mudança do clima”. Sem contar na oportunidade de geração de novos postos de trabalho, algo crucial num País que ainda engatinha na saída de uma longa recessão.
A íntegra da publicação pode ser acessada pelo link: https://noticias.portaldaindustria.com.br/noticias/sustentabilidade/cni-lanca-guia-com-50-fundos-disponiveis-para-financiamento-de-projetos-para-o-clima/