De um lado, crescimento urbano e envelhecimento da população urbana, do outro a necessidade de inclusão de mulheres e diminuição da desigualdade compõem os dois caminhos do cenário traçado pela ONU para os próximos anos.
Por – Eleni Lopes, DIRETORA DE REDAÇÃO
Planeta Saúdável, Pessoas Saudáveis. Este é o tema do sexto Global Environment Outlook (GEO), documento elaborado pela ONU e reconhecido globalmente como a publicação referência para políticas públicas de sustentabilidade pelos Estados-Membros da organização. A primeira edição foi em 1997.
“O sexto Global Environment Outlook é um check-up essencial para nosso planeta. Como qualquer bom exame médico, há um claro prognóstico do que vai acontecer se continuarmos no caminho em que estamos e um conjunto de ações recomendadas de remediação. O GEO-6 fornece tanto uma declaração dos problemas quanto um guia para avançarmos no caminho estabelecido na Agenda 2030 e os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, afirma António Guterres, secretário geral da ONU.
NEO MONDO destaca aqui as principais tendências ambientais apontadas no GEO-6, lançado em março pelos países membros das Nações Unidas, com o objetivo de consolidar a visão consensuada sobre os desafios globais para os próximos ciclos.
– O crescimento populacional será maior nos países menos desenvolvidos e que têm uma baixa pegada de carbono per capita e alta desigualdade de gênero em termos de acesso à educação, trabalho e direitos sexuais e reprodutivos.
– A população mundial ficará mais velha, mais urbana e viverá em lares menores. Se o cenário permanecer como atual, todas estas tendências contribuirão para níveis globais mais altos de emissões de carbono.
– Entre hoje e 2050, a população urbana global continuará a aumentar. Cerca de 90% do crescimento das cidades ocorrerá em países de baixa renda, principalmente na Ásia e na África.
– O crescimento da população urbana pode representar um oportunidade de aumentar o bem-estar dos cidadãos, diminuindo sua pegada ecológica. As áreas urbanizadoras podem, portanto, serem vistas como uma oportunidade para redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) por meio de planejamento e infraestrutura apropriados.
– O desenvolvimento econômico continua sendo prioridade para a maioria dos países, devido aos seus benefícios materiais e seus potencial de erradicação da pobreza e redução das desigualdades. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento econômico deve coincidir com consumo e produção sustentáveis.
– Atingir os ODS exigirá que os frutos da sustentabilidade sejam predominantemente direcionados para aumentar a inclusão de pessoas menos favorecidas. Educação de meninas, mais oportunidades para as mulheres e permitir que os pobres alcancem plena participação na sociedade são essenciais para o desenvolvimento e para reduzir a alienação e os conflitos sociais.
– Os avanços tecnológicos resultaram em impactos tanto positivo quanto negativos. Petróleo e outros fósseis combustíveis aceleraram o desenvolvimento econômico e elevaram padrão de vida para bilhões de pessoas, mas também contribuíram para as mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, existem correntes e modelos de negócios e tecnologia emergentes que estão construindo uma economia mais circular, por meio de uso menos intensivo de recursos, bem como processos e ciclos de inovação mais eficazes.
– As mudanças climáticas tornaram-se um motor independente de alterações ambientais e representa um sério desafio para desenvolvimento econômico futuro. Independentemente da ação humana, ou mesmo de sua presença no planeta, o impacta permanece.
– As mudanças climáticas representam riscos para a sociedade por meio de seus impactos sobre a alimentação, recursos hídricos, segurança, saúde, meios de subsistência e a infraestrutura. Estes riscos são maiores para pessoas dependentes de recursos naturais, como os pescadores, agricultores, comunidades pastorais e florestais. Aqueles que experimentam múltiplas formas de desigualdade, marginalização e pobreza estão mais expostos aos impactos.
O relatório completo pode ser acessado no endereço:
https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/27539/GEO6_2019.pdf?sequence=1&isAllowed=y