POR – PROJETO UÇÁ / NEO MONDO
Lenine, Fernanda Abreu e George Israel juntos pelos manguezais da Baía de Guanabara
O movimento #Guanabarear, uma conexão de grandes nomes à causa imediata de preservação da Baía de Guanabara. Uma iniciativa do Projeto UÇÁ — com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental —, que em sua estreia, levou a cantora Fernanda Abreu e o músico George Israel para um tour ambiental em pleno Pantanal Fluminense, em apoio a sua biodiversidade que insiste em viver.
Criado em 2012, com o objetivo de promover a melhoria da qualidade ambiental de municípios que constituem ou interagem com a bacia da Baía de Guanabara, o Projeto UÇÁ também conta com a parceria do “cantautor” Lenine há cinco anos, o primeiro a tornar-se “Guardião dos Manguezais”. O artista não só conheceu as ações de reflorestamento e limpeza de manguezais, como também plantou mudas de árvores de mangue e tornou-se grande replicador das ações do Projeto.
Agora, por meio do movimento #Guanabarear, que também se tornou um manifesto, vieram se juntar a esse time de multiplicadores de boas práticas ambientais a cantora Fernanda Abreu e o músico George Israel. Os artistas ficaram muito entusiasmados com o que viram durante a visita.
Fernanda e George – Foto: Juliana Cerdeira
“Está sendo uma experiência incrível, foi um dia maravilhoso, do lado de pessoas que realmente estão cuidando da natureza, com uma grande força de vontade, há muitos anos. Estou me sentindo muito bem em está junto dessas pessoas, podendo participar, podendo ser mais uma voz a falar pela natureza, pela revitalização da Baia de Guanabara, pelos mangues, por esse lugar lindo. Vamos com tudo que o Rio de Janeiro merece e nós cariocas também”, disse Fernanda.
O músico George Israel também destacou a beleza do local e a importância de preservá-lo: “As pessoas podem achar que estamos na Amazônia, no Pantanal, mas é dentro do Rio de Janeiro. Eu sempre tive a noção de que o carioca vive em meio à natureza e a gente peca um pouco por não dar atenção, não se informar melhor, não participar mais do que pode ser feito ainda. Com esse santuário, esse presente que recebemos — pois são raríssimas cidades com tanta riqueza natural — deveríamos ser um modelo para o Brasil e para o mundo”.
Não muito distante da recém descoberta ilha de lixo de 20 hectares produzida pelo desleixo humano fica a Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim. Tendo como premissa a ideia de que é preciso conhecer para preservar, o projeto promove um novo olhar sobre o local e sua biodiversidade: sentir no rosto o vento, se encantar com os colhereiros rosa, garças, martin-pescadores e outras espécies de aves. Podem ser observados jacarés do papo amarelo, capivaras ou os últimos botos residentes da Baía. Verdadeiros santuários marinhos, com raias, corais, polvos e tartarugas lutam diariamente para sobreviver em meio a toda carga de sujeira que chega dos 16 municípios do seu entorno. Mesmo se nenhum desses animais sobreviventes aparecer na visita, vale percorrer os imensos rios da região escutando o relato da comunidade tradicional, que presta relevante serviço socioambiental, seja plantando, pescando, limpando ou guiando pessoas pela região conhecida como “Pantanal Fluminense”.
Mesmo diante desse esforço, a quantidade de lixo que chega aos manguezais cresce exponencialmente. Por isso, o presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador nacional do Projeto UÇÁ, Pedro Belga, destaca que a colaboração dos artistas é fundamental para ampliar o alcance da mensagem sobre a importância da preservação da Baia. “Os manguezais não são lixeiras, eles são os berçários da vida, são o segundo ecossistema mais produtivo do planeta. E a gente precisa que nossa voz chegue a mais pessoas. Estamos aqui, no Recôncavo da Guanabara, fazendo um trabalho que não aparece. Catamos 22 toneladas de lixo, mas as pessoas não sabem. E aí o George, a Fernanda, essa galera do bem — expressão cunhada pelo Lenine, quando esteve aqui em 2014 — resolveu emprestar a densidade dela para que esse trabalho tome vulto e todos possam saber que a Baia é bela, que está viva, que pode sobreviver. Só depende de cada um de nós. Se liguem na voz da Fernanda, do Lenine, do George Israel… porque essa galera veio aqui, conheceu, e sabe o que está fazendo”, concluiu Pedro, agradecendo aos ilustres convidados.
Projeto UÇÁ
Com o patrocínio da Petrobras – o Projeto UÇÁ já reflorestou em quatro anos mais de 182 mil m² de manguezais. Todos os dias, a equipe do Projeto Uçá em parceria com a Cooperativa Manguezal Fluminense, tem a missão de plantar e realizar a manutenção de mudas plantadas entre 2013 e 2016, que são hoje uma nova floresta. Em parceria também com a ACAPESCA (Itambí) e ACAMM (Suruí), é realizado na época do defeso um importante trabalho de limpeza que já retirou mais de 22 toneladas de lixo do ecossistema, promovendo espaço para novas tocas, instalação de novas mudas e promovendo segurança para o trabalho diário de centenas de famílias que vivem da catação do caranguejo. Esses catadores e pescadores artesanais, quando não estão limpando os mangues, passaram a ser os olhos do projeto em lugares inimagináveis, onde o lixo consegue chegar e, infelizmente, se instalar. Essa grande rede do bem, composta de pessoas simples e comprometidas, sabe que o lixo e o esgoto estão diminuindo a cada dia sua capacidade de sobrevivência.
Além de ser objeto de artigos, trabalhos de conclusão de curso e quatro dissertações de mestrado. Para o biênio 2018-2020, ele atuará na melhoria da qualidade ambiental em oito municípios da região da bacia contribuinte da Baía de Guanabara. Serão feitas ações de manutenção e monitoramento de manguezais, educação ambiental e produção de conhecimento científico de forma sustentável, priorizando os pescadores e catadores de caranguejo. O objetivo é contribuir para o conceito de “Lixo zero” e as práticas corretas de descarte de resíduos sólidos na Baía. Mais informações na página: facebook.com/projetouca/.