POR – ISABEL ARARI (INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL) / NEO MONDO
A animação “Xingu, o rio que pulsa em nós”, que denuncia os impactos da hidrelétrica na Volta Grande do Xingu (PA), venceu a categoria “Portfólio” da mostra
O curta “Xingu, o rio que pulsa em nós” foi premiado no AnimaMundi, o maior festival de animação da América Latina. Mais de 300 filmes de 40 países diferentes fizeram parte 27ª edição mostra, que aconteceu no final de julho no Rio de Janeiro e São Paulo.
O filme denuncia os impactos da hidrelétrica de Belo Monte no rio e sobre os povos que vivem na Volta Grande do Xingu, no Pará. A animação foi produzida pelo Instituto Socioambiental (ISA) em parceria com a Associação Yudjá Miratu da Volta Grande do Xingu (Aymix) e Universidade Federal do Pará (UFPA).
Usina de Belo Monte – Foto/Divulgação
“O filme trata de um direito fundamental: a garantia da vida de povos indígenas e ribeirinhos que vivem em uma região única no mundo. Esse prêmio é um importante reconhecimento da luta dos povos que vivem na Volta Grande do Xingu”, comenta Biviany Rojas, advogada do ISA.
A animação venceu a categoria “Portfólio” da mostra, que engloba trabalhos de animação feitos por encomenda, para propaganda, filmes institucionais, videoclipe, entre outros.
Hidrograma de conflito
Com o barramento definitivo do Xingu em 2015, a quantidade, velocidade e nível da água na região não derivam mais do fluxo natural do rio, mas sim da concessionária da usina de Belo Monte: a Norte Energia. Por meio do chamado “Hidrograma de Consenso”, a empresa vai controlar o volume de água que passará pelas comportas da usina, descendo pela Volta Grande do Xingu.
Os Juruna (Yudjá) vivem na Terra Indígena Paquiçamba e são conhecidos como “o povo do rio”. Eles monitoram atentamente a região desde 2013 e alertam para os riscos dessa mudança: o desaparecimento de espécies de plantas e animais, algumas delas endêmicas, e as consequências para a sobrevivência de seu povo. [Saiba mais]
Os indígenas já comprovaram que o hidrograma proposto é insuficiente para manter a vida na região e exigem que seja revisto, segundo eles a medida deveria ser chamada “hidrograma de conflito”. O resultado do estudo está presente no livro “Xingu, o rio que pulsa em nós”, lançado em agosto de 2018 no no XVI Congresso da Sociedade Internacional de Etnobiologia, realizado em Belém, e no vídeo de animação que leva o mesmo nome.