Guaraí-TO: Foto/Meire Ferrari
POR – CRISTINA TORDIN (EMBRAPA) / NEO MONDO
As terras onde predominam solos de textura arenosa e franco arenosa são, em geral, consideradas marginais em relação à sua aptidão agrícola
Isso se dá devido à restrita capacidade de retenção de água e de nutrientes, o que interfere diretamente na sua capacidade produtiva. Mas nem todos os solos dentro dessas classes texturais têm o mesmo funcionamento hídrico, por isso uma equipe de pesquisadores realizou um diagnóstico de vários atributos físico hídricos desses solos em áreas de intensificação agrícola no bioma Cerrado, em Guaraí, TO, Campo Verde, MT e Chapada Gaúcha, MG.
Os resultados indicaram uma concentração da distribuição granulométrica nas faixas da areia fina para alguns e da areia média para outros, com diferenças bem marcadas entre os vários solos avaliados.
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Conforme a pesquisadora Heloísa Filizola, da Embrapa Meio Ambiente (Jaguariúna, SP), todos os solos avaliados têm em comum o elevado índice de estabilidade de agregados. Já a macroporosidade, a densidade, o diâmetro médio ponderado, o grau de floculação da argila e a condutividade hidráulica apresentam uma variabilidade grande entre as áreas e mesmo dentro das áreas selecionadas, indicando que, apesar de ocuparem a mesma classe textural, esses solos têm comportamento hídrico diferenciados.
Os solos estudados, em sua grande maioria, apresentam predomínio das frações areia fina, seguida da areia média e, em menor proporção, de areia muito fina, o que possibilita um arranjo mais ajustado das partículas provocando menor porosidade, já que as partículas finas imbricam-se mais estreitamente e as mais finas preenchem os macros e mesos poros, conforme indicado em vários trabalhos mais detalhados sobre a porosidade dos solos, o que vai interferir diretamente no funcionamento hídrico deles.
Alguns dos solos classificados como Neossolos apresentam, como já dito, variações nas frações arenosas que apontam para a necessidade de um detalhamento maior para aprofundar o seu conhecimento. Assim, será possível definir critérios mais quantitativos de estabelecimento de capacidade de uso, com base na granulometria e na retenção de água, além de subsidiar a sua delimitação de classes.
Este estudo mostra a presença de solos intermediários entre as classes Neossolos e Latossolos, e aponta também para a necessidade de refinamento dos critérios de separação dessas classes, critérios estes que admitiriam distinguir diferentes tipos de solos, englobados hoje na classe dos arenosos, o que permitirá uma classificação mais pormenorizada dos solos e uma melhor avaliação do seu potencial agrícola.
Além disto, contribuirá com a elaboração de zoneamentos mais adequados ao planejamento de uso e gestão sustentável dos recursos naturais, como solo e água, e apontará os principais desafios em relação ao potencial agrícola e ao manejo de conservação, pois o conhecimento de suas características intrínsecas, mesmo dentro de um grupo aparentemente homogêneo mostram diferenças da dinâmica hídrica e de sua capacidade produtiva, indicando suas potencialidades e limitações.
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