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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Será que nossos genes são influenciados pelo estilo de vida que levamos? Há estudos que buscam na genética algo que aumente a expectativa de vida
Há anos existem pesquisas científicas cujo foco é encontrar o segredo da longevidade. A indústria da beleza também tem esse objetivo, basta olhar nas prateleiras das farmácias e lojas de cosméticos para encontrar cremes, séruns e loções que prometem conter o avanço do tempo – pelo menos na pele. A investigação acerca desse tema acabou chegando na genética para verificar como agem os genes do envelhecimento em conjunto com fatores externos, como por exemplo o estilo de vida.
Hoje em dia, a maioria dos estudos se concentram na interação do DNA com o meio ambiente, como a pesquisa do biólogo da Universidade de Brown Chen-Tseh Zhu. De acordo com o pesquisador, o processo de envelhecimento é complexo pois envolve células, genes e questões externas. Observando essas relações é possível entender como um perfil genético responde a determinados tipos de alimentação e como isso afeta a expectativa de vida.
O estudo dos genes e o envelhecimento
O biólogo Chen-Tseh Zhu conduziu um estudo em parceria com o pesquisador David Rand, da Universidade de Yale que é especialista em DNA mitocondrial. Ele afirma que um gene ou um par de genes não determinam a longevidade, e que é preciso observar caso a caso.
Esta conclusão deu-se de um experimento onde os dois cientistas geraram 18 linhagens de moscas, manipulando genes nucleares e mitocondriais. Os insetos que carregavam um mix de DNA foram alimentadas com cinco tipos de rações diferentes, umas com mais proteínas, açúcar ou calorias, por exemplo.
Chen e David observaram que somente o ingrediente, ou o gene, não influenciaram a longevidade. Isso porque, as moscas com genes associados a uma vida mais longa não viveram mais, ou seja, a dieta poderia eliminar esta “vantagem” biológica. Da mesma forma que a ingestão de menos açúcar e mais proteínas não ajudou as moscas desprivilegiadas geneticamente.
Porém, o que de fato aumentou a vida das moscas foi uma dieta adequada a determinados genes. Dependendo do DNA que cada uma carregava, ingerir muito açúcar fez com que algumas vivessem mais do que as que possuíam uma dieta mais saudável.
O que levou os cientistas a pensarem que é necessário o entendimento sobre a interação entre os genes mitocondriais e nucleares para encontrar a combinação certa. Feito isso, é possível investigar como este conjunto de DNA irá responder as moléculas que compõem os alimentos. E é a partir desse dado que se poderá criar uma ‘receita’ para a longevidade.
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O papel do DNA mitocondrial
Segundo Max Planck Nils-Göran Larsson, do Instituto de Biologia do Envelhecimento, as pesquisas genéticas acerca da longevidade estão dando grande importância ao papel do DNA mitocondrial.
O material genético que fica dentro da mitocôndria muda muito ao longo da vida, e isso acontece menos com o DNA nuclear. E essas mutações causam impacto no processo de envelhecimento pois, afetam a produção de energia pela célula.
Um dos estudos do pesquisador sugere que cada indivíduo já nasce com danos no DNA mitocondrial, passados pela mãe. Ou seja, as mutações que ocorrem neste DNA é herdada e de também afetam o ritmo de envelhecimento do filho.
E assim como David Rand e Chen-Tseh Zhu, o cientista Max Planck também acredita que há interação do material genético com fatores ambientais mas, ainda não sabe se o estilo de vida é capaz de influenciar na forma como os ‘danos’ mitocondriais herdados refletem na longevidade.
Propósito de vida x genes
Já um estudo da Psychological Science, revista da Associação de Ciência Psicológica dos EUA, liga a existência de um propósito de vida a uma maior longevidade. De acordo com o principal autor do estudo, o pesquisador Patrick Hill, quanto mais jovem a pessoa conseguir se direcionar na vida, mais cedo surgem os efeitos que retardam o envelhecimento.
Estudos mais antigos já haviam sugerido que a descoberta de propósito diminui os riscos de mortalidade, porém Patrick Hill afirma que as pesquisas não haviam investigado os benefícios de ter um objetivo de vida traçado ao longo da vida do indivíduo.
Para provar sua tese, o estudo contou com 6 mil pessoas e o cientista focou nas variáveis psicológicas que avaliavam experiências e emoções positivas e negativas dos participantes. Ao longo dos 14 anos de acompanhamento, 9% da amostra morreram, a porcentagem se relacionava com as pessoas que relataram ter menos propósitos de vida e menos relações positivas.
Se concentrar em dar um sentido à própria existência foi um fator que abaixou o risco de mortalidade, tanto em pessoas mais jovens, de meia idade, ou já idosas, dentro da pesquisa de Hill.