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POR – CLEBER OLIVEIRA SOARES*, PARA NEO MONDO
A agricultura brasileira é um dos setores mais vibrantes da economia e propulsora de desenvolvimento de muitos territórios. A combinação do espírito empreendedor do produtor com novas tecnologias aplicadas aos sistemas de produção transformou o agronegócio brasileiro em potência mundial. O novo empreendedorismo é movido por jovens com formações diversas, que visualizam no agro oportunidades de negócio, e também pela crescente conexão da agricultura com outras áreas do conhecimento. Empreender no agro vai muito além da visão tradicional para dentro da porteira das propriedades agrícolas. O tempero dessa transformação é um modelo único de agricultura tropical, muito mais complexo e desafiador do que em outras partes do mundo, que pode fazer do Brasil, além de um grande exportador de alimentos, um importante player no mercado global de empresas baseadas no uso intensivo de tecnologias e que agreguem valor.
Além de produzir alimentos, fibras, bioenergia e outras funcionalidades para nossa população, a um custo comparativamente baixo, a agropecuária brasileira guarda uma grande responsabilidade junto ao mundo: fornecer comida nutritiva para uma população crescente que chegará, em breve, a nove bilhões de habitantes. No mundo contemporâneo, a agricultura precisará ser cada vez mais sustentável, efetiva e resiliente. E as empresas nascentes em uso intensivo de tecnologias aplicadas à agricultura serão o combustível para potencializar esse processo.
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Os novos saltos de inovação na agricultura passam pela combinação do conhecimento científico, com o empreendedorismo, o que permitirá a incorporação de tecnologias habilitadoras como as digitais; biotecnológicas; nanotecnológicas; espaciais e físicas, que terão papel crucial nesse cenário. São inúmeras as janelas de oportunidades para um Brasil cada vez mais protagonista, com capacidade científica e tecnológica para se posicionar como a grande nação inovadora em relação ao tema “sustentabilidade agrícola”.
A nova onda de inovação tecnológica no agro está em plena ascensão e tem forte capacidade mobilizadora de talentos. O estudo Radar AgTech Brasil 2019 revelou que o universo das startups é mais do que inovador, é dinâmico, é evolutivo, e possui um potencial sem precedentes para alavancar mais e mais o desenvolvimento agrícola sustentável de forma invadora. O Radar é um elemento-chave na compreensão dos ecossistemas de inovação do agronegócio. As startups que inovam para o agro nacional já somam 1.125 Agtechs, com crescimento de mais de 100% em um ano, atuando nos ambientes que antecedem a porteira, dentro da porteira, e fora da porteira (o estudo está em www.radaragtech.com.br).
Ao mesmo tempo em que sinaliza uma concentração e especialização, o estudo demonstra que há potencial inexplorado de inovação no agro. Cerca de 90% dessas startups estão nas regiões Sul e Sudeste, com particular destaque para as cidades de São Paulo, Piracicaba e Campinas e deve ser expandido com a mesma força para todos os cantos do país. O estudo Radar AgTech Brasil 2019 é fruto desse momento efervescente, proporcionado pela sinergia dos ecossistemas de inovação, unindo expertises da SP Ventures, da Homo Ludens e da Embrapa, na realização do mais amplo mapeamento dessas empresas nascentes.
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Temos startups virando empresas de porte médio, muitas sendo adquiridas por grandes corporações e outras tantas se destacando no mercado. Há algumas disputadas por investidores e outras, como a Gira, que em menos de um ano movimentou mais de R$ 1 bilhão em serviços. Com tanto movimento e capacidade de mobilização, é de se esperar que, muito em breve, surja nosso primeiro unicórnio do agro.
A Embrapa por meio de parcerias e alianças estratégicas com empresas jovens, dinâmicas e de alta capacidade em inovar, tanto na agricultura quanto em outros setores econômicos – dos quais podem vir importantes insights– se fortalece como ator-chave para ampliar o impacto de novas tecnologias e viabilizar oportunidades para alavancar ainda mais o agro.
O empreendedorismo brasileiro tem evoluído rapidamente nos últimos anos, especialmente por meio de arrojados ambientes de inovação, que criam a conexão entre empresas privadas, startups, instituições de ciência, tecnologia e inovação, agências de fomento e gestoras de fundos de risco.
Estamos trabalhando no nascimento de um novo momento para o agro, fortalecendo um modelo original de empreender e trilhando caminhos para que novos saltos tecnológicos permitam aumentar a eficiência e garantir a competitividade do agro brasileiro de forma sustentável. Não há melhor locus para se vivenciar a vibração deste novo momento do que os ambientes de inovação agtech do setor agropecuário brasileiro. Neste campo, há a semente para o agro empreendedor, no qual a agricultura e a tecnologia criam rapidamente um futuro promissor, colocando o Brasil na vanguarda de inovação da nova economia mundial.
*Cleber Oliveira Soares – Diretor-Executivo de Inovação e Tecnologia da Embrapa