Foto – Divulgação/Projeto Uçá
POR – PROJETO UÇÁ / NEO MONDO
Projeto Uçá divulga dados inéditos de 5 anos de retirada de resíduos sólidos dos manguezais fluminenses
Um estudo do Projeto Uçá — iniciativa da ONG Guardiões do Mar, com o patrocínio da Petrobras, por meio do Programa Petrobras Socioambiental —, constatou que dos 10 itens que mais poluem os manguezais da Baía de Guanabara, 83% é composta por resíduos plásticos. Os dados foram obtidos ao longo de cinco anos da Operação LimpaOca, uma ação de limpeza que engaja pescadores e catadores na retirada de resíduos durante o período de defeso do caranguejo-uçá, na Estação Ecológica da Guanabara.
Realizada de novembro/2019 a janeiro/2020, a última edição da Operação LimpaOca retirou mais de 10 toneladas de resíduos sólidos em 10 hectares de manguezais da Baía de Guanabara. Ao todo, durante 5 anos de trabalho, foram coletadas 33 toneladas de resíduos e 15 hectares foram limpos.
Confira o Top 10 dos itens mais encontrados (unidades recolhidas):
1- Garrafas PET (35.605)
2- Sacolas de plásticos (34.451)
3- Isopor (33.800)
4- Potes plástico (27.838)
5- Plásticos – geral (27.457)
6- Calçados / sapatos (8.654)
7- Sandálias de tira – tipo Havaiana (6.739)
8- Potes e recipientes de vidro (4.701)
9- Madeira trabalhada / madeira (2.983)
10- Tecido / couro – em geral, pedaços ou restos de confecções (2.608)
Foto – Divulgação/Projeto Uçá
Itens inesperados também foram encontrados nas ações de limpeza, como banheiro químico (01), capacetes de moto (100), para-choques de carro (22), pneus (de carros de passeio, caminhão e até trator – 218) e assentos de privada (149), tubos de imagem (194) e TVs completas (24). Em apenas um dia de operação, entre outros números assustadores, foram coletadas 123 carcaças de televisão.
Renda extra aos povos tradicionais
Reeditada em 2014, a Operação LimpaOca é uma ação inédita criada em 2001 pelos Guardiões do Mar. Ela também garante renda extra aos povos tradicionais durante o período de defeso do caranguejo-uçá, quando é proibido coletá-lo. Os trabalhadores engajados na atividade recebem uma bolsa-auxílio para coletar os resíduos durante duas manhãs semanais, além de palestras de educação ambiental sobre o ambiente costeiro.
“Dirimir o impacto do consumo e descarte inconscientes de resíduos nos manguezais é apenas um dos diversos objetivos da Operação LimpaOca. Pretendemos ir muito além da simples coleta de lixo no ecossistema. Com a ação, os pescadores e catadores não ficam sem rendimentos no período de defeso e, ao final da atividade, deixamos um ecossistema mais seguro para eles (menor risco de acidentes com materiais cortantes e/ou contaminantes)”, explica o presidente da ONG Guardiões do Mar e coordenador nacional do Projeto UÇÁ, Pedro Belga.
“Com a retirada do lixo, há também espaço para a instalação de novas tocas (já que é época de reprodução), aumentando a população de crustáceos. E ainda há espaços livres para que as mudas se instalem, favorecendo o crescimento de novas árvores, contribuindo dessa forma para a diversidade ecológica do manguezal. Prestamos um serviço ecossistêmico e geração alternativa de renda. De quebra, mobilizamos povos tradicionais para se tornarem agentes ambientais”, completa Belga.
Após desenterrar o lixo da lama, os participantes o transportam de barco até a sede do Núcleo de Gestão Integrada da Área de Proteção Ambiental de Guapi-Mirim e Estação Ecológica da Guanabara (NGI – APA/ESEC – ICMBio), nos manguezais do Recôncavo da Guanabara, na Baixada Fluminense. Lá, é feita a triagem, pesagem e a avaliação da origem dos resíduos, permitindo identificar também possíveis principais poluidores.
A Operação foi considerada referência nacional pela Plataforma EduCares do Ministério do Meio Ambiente, em 2014. Nesta edição, a ação, seguindo os preceitos do Projeto UÇÁ de inclusão social, contou também com a participação de um pescador cadeirante.