Vista aérea de Aguada Fenix – Foto: Takeshi Inomata/Reuters
POR – WILL DUNHAM (REUTERS) / NEO MONDO
Para revelar a data estimada da construção, equipe de pesquisadores usou um sistema de detecção de luz e distância a laser
Usando um método de medição aérea remota, cientistas descobriram a maior e mais antiga estrutura da antiga civilização maia de que se tem conhecimento: uma plataforma elevada retangular colossal construída entre 1.000 e 800 a.C. no estado mexicano de Tabasco.
A estrutura, ao contrário das altas pirâmides maias de cidades como Tikal, na Guatemala, e Palenque, no México, erguidas cerca de 1.500 anos atrás, não foi feita de pedra, mas de argila e terra, e provavelmente era usada para rituais em massa, disseram pesquisadores nessa quarta-feira (3).
Situada em local chamado Aguada Fenix, perto da fronteira com a Guatemala, a estrutura media quase 400 metros de largura, 1.400 metros de comprimento e entre 10 e 15 metros de altura. Seu volume total ultrapassava o da Grande Pirâmide de Gizé, no Egito, construída 1.500 anos antes.
Não havia sinais de esculturas retratando indivíduos notáveis, o que sugere que, àquela altura, a cultura maia era mais comunal (bens e modos de produção coletivos) e só mais tarde desenvolveu a desigualdade social e uma sociedade hierarquizada, liderada pela realeza, segundo os pesquisadores.
“Por ela ser tão larga horizontalmente, se você caminha por ela, parece uma paisagem natural”, disse Takeshi Inomata, arqueólogo da Universidade do Arizona que liderou a pesquisa publicada no periódico científico Nature. “Mas sua forma surge belamente no ‘Lidar'”.
Lidar, uma abreviação de Detecção e Alcance de Luz, é uma técnica de medição remota que emprega pulsos de laser e outros dados obtidos sobrevoando um local, para gerar informações tridimensionais sobre a forma das características da superfície.
Nove estradas e uma série de reservatórios eram ligados à estrutura. Algumas partes rurais de Aguada Fenix estão cobertas por pastagens hoje em dia, e outras estão arborizadas.
“É provável que muitas pessoas de áreas próximas se reunissem para ocasiões especiais, possivelmente ligadas a ciclos do calendário”, disse Inomata. “Os rituais provavelmente envolviam procissões ao longo das estradas e dentro da praça retangular. As pessoas também depositavam objetos simbólicos, como machados de jade, no centro do planalto”.