POR – GREENPEACE / NEO MONDO
No Dia do Meio Ambiente, o Greenpeace reafirma seu compromisso na defesa diária dos nossos direitos e das nossas vidas
Jovens que tomaram as ruas para exigir um futuro seguro frente à crise do clima, o fogo na Amazônia, que queima com o desmonte dos órgãos de fiscalização pelo governo, uma doença que impede que o mundo respire, vidas vulneráveis ceifadas diariamente, brasileiros que não puderam parar por fome e a ameaça da escalada autoritária, que faz com que tenhamos que urrar por mudanças: cenas de um país do “e daí?”.
Falar de meio ambiente e de crise climática é discutir igualdade e justiça. São os mais vulneráveis que sofrem as piores consequências de um sistema econômico e político criado por uma minoria privilegiada que custa dividir de maneira justa a riqueza. Se não houver mudança de sistema, baseada no tratamento justo e igualitário, e respeito democrático, com proteção da liberdade e dos direitos individuais e coletivos, não haverá equilíbrio no meio ambiente que garanta nossa saúde e nossas vidas.
A quem interessa o sangue derramado e as árvores derrubadas?
Em meio à pandemia, o menino João Pedro foi assassinado pela polícia no Brasil enquanto brincava em sua casa. A comoção com as vidas negras perdidas todos os dias no país somou-se à cena do assassinato de George Floyd nos Estados Unidos, que trouxe a população de volta à ruas para dizer o mínimo e básico em nossa sociedade: vidas negras importam e o estado tem o dever de protegê-las, ao invés de ser mais uma ameaça. A matemática traz a triste realidade de vidas transformadas em número: No Brasil, pessoas negras são as vítimas em 75% dos homicídios.
FOTO: CRAIG LASSIG / EFE
Na região da floresta Amazônica, sabemos que junto à ilegalidade e o roubo de terras públicas vêm os diversos crimes e assassinatos. O Brasil é o país onde mais ativistas e lideranças comunitárias e indígenas são mortas por defender a floresta e sua biodiversidade. Em novembro do ano passado, Paulino Guajajara foi uma jovem alma entre muitas, que tombou junto com as árvores que protegia.
Perante todas as injustiças diárias, uma reunião interministerial feita durante a pandemia, na qual se deveria discutir planos de ajuda aos mais vulneráveis e como assegurar a vida de milhares de brasileiros, foi uma conversa vazia de tudo que o país necessita. Em especial, a fala do ministro Ricardo Salles chamou a atenção de ambientalistas: ele sugeriu que se aproveitasse a situação para “passar a boiada” em regulamentações e mudanças de normas. O que ele disse foi uma alusão para permitir o desmatamento ilegal. Mais uma vez enfatizamos: o estado e, neste caso, o Ministério do Meio Ambiente devem garantir a segurança da população onde quer que ela esteja, nas cidades ou nas florestas.
Portanto, falar de meio ambiente no dia de hoje é lembrar que quando defendemos um ecossistema, defendemos nossos direitos, a natureza e todas as vidas que a habitam. E que não há como discutir o fim da crise climática sem antes garantir justiça a todos. Perante todas as injustiças e em meio a perdas de vidas ocasionadas pela pandemia, a sociedade se levanta e luta para demandar um mundo melhor, em que a homenagem à vida seja justa, diária, e um direito de todos.
No Dia do Meio Ambiente, honramos os mortos do Brasil e do mundo. Pedimos e declaramos que iremos lutar pela vida todos os dias, hoje e cada dia, mais do que nunca.