POR – INSTITUTO ETHOS / NEO MONDO
Quais as perdas com a não valorização da produção científica de negras e negros?
Quanto podemos ganhar ao considerar a produção científica de negras e negros? A resposta é fácil: a diversidade garante mais pluralidade e inovação. Então, por que poucos se beneficiam desses resultados e do sucesso na carreira de pesquisador e cientista, como os grupos majoritários, como os homens brancos? Essa é a questão que irá permear o diálogo: “O paradoxo diversidade-inovação e a representatividade de negros e negras na ciência e tecnologia”, que acontece nesta quinta-feira, 23 de julho, no .
Guimes Rodrigues Filho, professor da UFU e Lis Ingrid Custodio, professora da UERJ, irão explanar sobre a extensão dos desafios que cientistas negras e negros enfrentam no contexto atual e o quão importante é apoiar e ampliar a representatividade de negras e negros na ciência e na tecnologia, nos centros de pesquisas públicos e privados.
Os porquês da exclusão
Carlos Machado, mestre em História Social pala USP, que atua como pesquisador, articulista, palestrante e educador, escreveu um artigo, publicado no portal Geledés, intitulado: Ciência Negra para a descolonização do saber, em que lista vários elementos que ao longo da história explicam – não justificam – a desvalorização de negras e negros como seres atuantes no ramo da ciência e tecnologia. “E os negros não são inteligentes? A escravização promovida pelos brancos cristãos foi fundamental neste processo de não acreditarmos no nosso potencial negro humano de produzir o novo. Mas, mesmo diante da hegemonia branca, a nossa gente não deixou de inventar e inovar. A questão é que esta genialidade foi omitida e consequentemente não divulgada como deveria ser em uma sociedade que diz não ver a cor da pessoa e sim o mérito”, explicou Machado em um dos trechos do texto.
O chamado racismo científico é o que motiva, segundo o autor, que “no imaginário coletivo a imagem de gente bem-sucedida na ciência está reservada ao amarelo (japonês, coreano e chinês) e em segundo lugar para o branco, não tendo espaço para o negro”. E, o historiador ainda acrescenta que “esta visão está ancorada na visão dos racistas científicos europeus famosos desde o século 18, como Carl Linnaeus, Voltaire, Hegel, Schopenhauer, Auguste Comte, David Hume, Charles Darwin entre outros”.
No artigo, há vários exemplos de negras e negros que conseguiram ultrapassar os obstáculos da cor e entregar à humanidade inventos indispensáveis, por mais que a estes, não fosse dado o devido reconhecimento.
Saiba mais sobre essa questão no painel que acontece às 19h30, como parte integrante da Conferência Ethos 2020, totalmente gratuita e virtual. Acesse a programação do dia em: www.conferenciaethos.org
Foto – Pixabay
Programação do dia 23/07
15h – Mudanças climáticas e a questão racial
Continuidade da reflexão sobre as convergências, correlações e contribuições entre o movimento climático e o movimento antirracista. O diálogo abordará como a violência estrutural forma um dos aspectos da crise climática e como a crise climática dá consistência às desigualdades e vulnerabilidade de comunidades, que, apesar de menos contribuírem para o aquecimento global e mudanças do clima, tornam-se as mais vulneráveis, como a própria pandemia e outros desastres têm demonstrado.
Nessa semana, Flavia Resende, coordenadora de Projetos de Meio Ambiente do Instituto Ethos, conversa com: Deon Shekusa; jovem defensor do desenvolvimento sustentável, delegado oficial da Juventude Namíbia na UNFCCC; Mphatheleni Makaulul, ativista sul-africana criada na tribo VhaVenda, faz parte da Rede da Biodiversidade Africana e da Fundação Gaia; e, Nisreen Elsain, ativista ambiental e climática, coordenadora geral de Juventude e Meio Ambiente – Sudão (SIM).
17h20 – Recuperação verde e desenvolvimento regional: os desafios para superar as desigualdades, a pobreza e a mudança climática na América Latina
Eric Parrado, economista-chefe e gerente geral do Departamento de Pesquisa do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Rodrigo Echecopar, líder do movimento Nossa América Verde, vão nos auxiliar com suas análises sobre a questão título dessa atividade.
Vamos dialogar sobre as viabilizações de novos modelos de recuperação para as economias da América Latina e sobre as condições mobilizadoras das lideranças políticas, do setor privado e social para um debate cooperativo e que tenha como alvo, o amadurecimento das democracias, do bem-estar comum e do desenvolvimento sustentável regional.
18h20 – Sistema de Integridade – como as compras emergenciais descentralizadas enfatizam sua fragilidade?
Guilherme France, coordenador de pesquisa do Centro de Conhecimento Anticorrupção irá conversar com Paula Oda, coordenadora de Projetos de Integridade do Instituto Ethos, a respeito das fragilidades do atual Sistema de Integridade Brasileiro.
Durante o enfrentamento da pandemia, desde fevereiro, a flexibilização das regras de contratações, viabilizada pela Lei 13.979/2020, para dar agilidade a resposta da administração pública à contenção da pandemia e seu impacto no sistema de saúde pública, por meio de compras sem licitações ou mesmo por meio de pregões, implicou em importantes riscos. Vamos entender quais e como evitar e/ou contornar essa situação.
19h30 – O paradoxo diversidade-inovação e a representatividade de negros e negras na ciência e tecnologia
O objetivo do painel é promover o diálogo sobre os desafios que os cientistas negros enfrentam e importância de a sociedade civil, empresas e instituições cientificas apoiarem a retenção e a produção cientifica de negros e negras, nos centros de pesquisas públicos e privados.
Para tanto, Guimes Rodrigues Filho, doutor em Química pela UFScar e professor titular da UFU e Lis Ingrid Custodio, professora do Departamento de Informática e Ciência de Computação da UERJ, vão bater um papo com Luiz Gabriel Franco, estagiário de Práticas Empresariais e Políticas Públicas do Instituto Ethos.