Focos de calor próximos a área com registro de desmatamento Prodes, em Nova Maringá (MT), de julho de 2020 – Foto: © Christian Braga / Greenpeace
POR – GREENPEACE BRASIL / NEO MONDO
Os números comprovam que a imagem que o governo brasileiro tenta passar aos embaixadores e ao mundo de que a floresta segue preservada, é falsa
Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados hoje (6), mostram que os alertas de desmatamento na Amazônia continuam crescendo em ritmo alarmante. Os dados de 1º à 30 de outubro mostram um aumento de 50,6% nos alertas, na comparação com outubro de 2019, totalizando 83.600 hectares, área equivalente a mais de 100 mil campos de futebol.
Outubro registrou o pior índice para o mês, desde o início da série temporal do DETER B, em 2015. “Não é só o desmatamento que está fora de controle. Em outubro, foram 17.326 focos de calor na Amazônia, 120% mais do que no ano passado”, afirma Rômulo Batista, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Enquanto o Inpe divulga novos dados preocupantes, o governo brasileiro realiza uma viagem com embaixadores e representantes consulares pela Amazônia, em uma rota estrategicamente traçada, que passa apenas pelas porções mais protegidas da floresta, para negar as evidências da destruição da floresta. Já no mundo real, o desmatamento e as queimadas vêm atingindo os maiores índices dos últimos 10 anos.
Em resposta a isso, o Greenpeace elaborou uma rota alternativa, mais condizente com os desafios e graves danos ambientais que a região enfrenta. A carta com o trajeto proposto foi enviada às embaixadas esta semana, com o objetivo de levar um contraponto à publicidade governamental junto aos líderes mundiais.
“Acabar com a destruição da floresta, a perseguição e mortes dos seus guardiões e as consequentes repercussões internacionais da política antiambiental adotada por este governo, exigirá mais do que tentar enganar embaixadores com um sobrevoo”, diz Batista.
Em agosto deste ano, o Greenpeace e mais 61 organizações publicaram uma carta conjunta, onde apontam algumas medidas emergenciais para deter o avanço do desmatamento na Amazônia. Entre as propostas, estão: uma moratória de 5 anos do desmatamento da amazônia; a elaboração de um plano de prevenção e combate ao desmatamento e queimadas; a retomada da criação de Unidades de Conservação e reconhecimento dos territórios tradicionais indígenas e quilombolas; a reestruturação dos órgãos de comando e controle; e a aplicação de punições jurídicas maiores aos crimes ambientais, em especial o desmatamento e queimadas.
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