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POR – CRISTINA TORDIN (EMBRAPA MEIO AMBIENTE), PARA NEO MONDO
O processo de urbanização brasileiro não é apenas um inchaço das cidades e esvaziamento dos campos. É muito mais do que isto, pois desencadeia fortes e nítidas mudanças, tanto nos aspectos sociais/educacionais, quanto econômicos e ambientais
Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em décadas sucessivas a relação população urbana x população rural mostra uma grande inversão de cenários, causando inúmeras dificuldades para quem vive da agricultura, como os jovens rurais..
Assim, os autores desse estudo avaliaram a evolução dessa relação, utilizando material bibliográfico e documental de diferentes bases de dados, principalmente da Capes, IBGE e Embrapa, o que permitiu uma visão em diferentes contextos. O método adotado constou de análise, interpretação e dedução técnica sobre uma base descritiva, visando identificar os principais problemas relacionados, sobretudo com o “êxodo rural” e a educação de jovens rurais.
A partir do levantamento realizado, pelo senso agropecuário do IBGE de 2017, foram encontrados em cinco milhões de estabelecimentos rurais os dados: escolaridade – 1,2 milhões de estabelecimento com pessoas que não sabem ler e nem escrever; 3,8 milhões de estabelecimentos que sabem ler e escrever e, destes, apenas 116 mil possuem 2° grau completo/ensino médio; idade (gestor do estabelecimento) – 535 mil são jovens com idade inferior a 35 anos; assistência técnica – um milhão recebe assistência técnica direta ou indireta, enquanto quatro milhões não recebem nenhuma assistência técnica; origem da renda das famílias – 2,9 milhões possuem renda das atividades agropecuárias menor que de outras rendas não agropecuárias, e 2,1 milhões possuem renda de atividade agropecuária maior que a outras rendas não agropecuárias.
Conforme os autores, mais dois fatos são igualmente preocupantes: um, se deve ao nível de escolaridade que, sendo predominantemente baixa, impede ou limita fortemente o acesso às novas tecnologias e/ou pacotes tecnológicos, o que restringe a adoção de práticas agrícolas mais eficientes, resultando numa agricultura de baixa produtividade; o outro, é a carência de assistência técnica que atinge os estabelecimentos rurais, ou seja, cerca de 80% destes, não recebem o aporte de técnicas de uso e manejo, assim como de boas práticas agrícolas.
Há diversos fatores que contribuem para o problema do “êxodo rural” e do ensino dos jovens rurais. Como alternativas para minimizar e/ou contornar tais gargalos, recomenda-se, além da educação formal, ampliar o apoio de assistência técnica e promover cursos técnicos direcionados para os produtores e jovens rurais (focados em práticas conservacionistas do solo, técnicas de manejo, controle da erosão, entre outros).
Tudo isso combinado pode elevar o nível de escolaridade e tecnológico no meio rural, propiciar a efetiva sustentabilidade da agricultura, com ganhos econômicos, sociais e ambientais, além de melhorar a capacitação dos jovens rurais e fixar o homem à terra, enfatizam os cientistas.
Os autores do estudo são Lauro Pereira, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, Angélica Pagliarini Santos, estudante de agronomia da Universidade Tuiuti, Paraná, Andreia de Bem Machado, professora no Curso de Engenharia de Produção na UNIASSELVI e Alessandra Pinezi, Chefe de Unidade de Conservação na empresa Fundação Florestal do Estado de São Paulo.