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POR – AVIV COMUNICAÇÃO, PARA NEO MONDO
Publicação traz 150 artigos sobre o impacto da pandemia de Covid-19 na conservação
A IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) lançou nesta quinta (11), uma edição especial da revista científica PARKS, sobre os impactos da pandemia do coronavírus na conservação da natureza em todo o mundo. A publicação é uma iniciativa da Comissão Mundial de Áreas Protegidas da IUCN e traz nesta edição o compilado mais abrangente até o momento da pesquisa científica mundial sobre as ligações e os impactos de Covid-19 na conservação da natureza.
A revista estima que no Brasil o número reduzido de visitantes pode levar a uma perda de US$ 1,6 bilhão em vendas para empresas que trabalham, direta e indiretamente, com o turismo em áreas protegidas. Enquanto na Namíbia, as Unidades de Conservação comunais podem perder US$ 10 milhões em receitas de turismo direto, segundo estimativas iniciais.
Os estudiosos apontam que mais da metade das áreas protegidas da África e 1/4 das áreas protegidas da Ásia foram forçadas a interromper ou reduzir suas ações de conservação, como patrulhas anti-caça, e um em cada cinco guardas florestais relataram ter perdido seus empregos.
Dentre os ensaios, escritos por cerca de 150 autores, estão textos de Mariana Napolitano, gerente de ciências do WWF-Brasil; Yolanda Kakabadse, ex-presidente da Rede WWF; Juan Manuel Santos, ex-presidente da Colômbia e ganhador do Prêmio Nobel da Paz; Mary Robinson, ex-Presidente da Irlanda e ex-Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos; e Sir Richard Roberts, bioquímico e vencedor do Prêmio Nobel de Medicina.
Doenças zoonóticas e a natureza como prevenção
“A natureza é uma rede de segurança para muitas das comunidades afetadas por essa pandemia e pode ser uma das nossas maiores aliadas contra futuras pandemias”, comenta Mariana Napolitano, gerente de Ciências do WWF-Brasil e autora de um dos artigos da revista PARKS.
No ensaio “Causas de doenças zoonóticas”, ela e a equipe do WWF-Brasil trazem uma visão geral sobre como áreas protegidas e conservadas podem desempenhar um papel significativo na minimização da ameaça de transbordamento de doenças do mundo natural para as pessoas.
As chamadas doenças zoonóticas, ou simplesmente zoonoses, são diversos tipos de enfermidades que são transmitidas dos animais para os humanos.
- As zoonoses representam 60% das doenças contagiosas conhecidas
- Dessas, 72% foram transmitidas por animais silvestres (em comparação com animais domésticos)
- 3/4 de todos os patógenos emergentes são zoonóticos
“As principais atividades que ajudam essas doenças a escaparem do mundo natural e nos infectarem são as mudanças no uso da terra, especialmente pela intensificação da produção agrícola e pecuária, o comércio de animais silvestres e o consumo da carne desses animais”, comenta Mariana.
As áreas protegidas e a conservação da vida selvagem são a forma mais eficaz de controlar essas atividades e minimizar os perigos associados a elas. Além disso, elas são aliadas na necessária recuperação verde frente à atual crise.
Esta edição do PARKS também revela que pelo menos 22 países propuseram ou promulgaram retrocessos nas regulamentações ou cortes orçamentários na conservação do meio ambiente. Os pacotes e políticas de estímulo econômico pós-COVID analisados pela revista continuam a minar em vez de apoiar a natureza, nossa melhor esperança contra futuras pandemias e atuais crises planetárias, como as mudanças climáticas.
“Cuidar do nosso planeta nunca foi tão urgente. A crise do coronavírus nos mostrou o que acontece quando estamos em desequilíbrio com a natureza. 2021 precisa ser o ano em que mudamos de rota, para uma economia mais justa, menos intensiva no uso de recursos naturais e de menor emissão de gases de efeito estufa. Precisamos nos unir como sociedade”, reflete Mariana.
Além do artigo sobre zoonoses, a Rede WWF contribuiu com mais quatro artigos nesta edição de PARKS: “Uma visão geral global e perspectivas regionais”; “Áreas marinhas protegidas e conservadas em um mundo pós-COVID-19”; “Turismo em áreas protegidas e conservadas em meio à pandemia” e “O impacto do COVID-19 nos guardas florestais”.
Confira a revista (em inglês) AQUI.