Mais de 3 bilhões de pessoas estão em risco de doenças porque não existem informações sobre a qualidade da água que consomem – Foto: Banco Mundial/Gerardo Pesantez
POR – ONU NEWS / NEO MONDO
Em mensagem, secretário-geral, António Guterres, afirma que a água é uma defesa contra problemas de saúde e uma resposta aos desafios da mudança climática; especialista do Unicef, Catarina de Albuquerque, falou com ONU News sobre influência do recurso sobre outros Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Este ano, o Dia Mundial da Água, em 22 de março, tem como tema “Valorizando a água” e lança a pergunta: “O que a água significa para você?”
Em mensagem, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “o valor da água é profundo e complexo” porque “não há nenhum aspecto do desenvolvimento sustentável que não dependa fundamentalmente dela.”
Secretário-geral
Em todo o mundo, 2,2 bilhões de pessoas não têm acesso ao serviço. Em 2050, serão 5,7 bilhões vivendo em áreas com escassez de água pelo menos um mês por ano.
Para o chefe da ONU, a água significa proteção, “uma defesa contra problemas de saúde e indignidade e uma resposta aos desafios de um clima em mudança e crescente demanda global.”
O mundo ainda não encontro a forma de garantir acesso à água e saneamento para todos até 2030, conforme a Agenda de desenvolvimento sustentável. Para Guterres, “isso é inaceitável.”
Dependência
A diretora-executiva da iniciativa Saneamento para Todos, do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, Catarina de Albuquerque, falou à ONU News da importância do Objetivo 6 de Desenvolvimento Sustentável, sobre água e saneamento.
“Por exemplo, os objetivos definidos em relação às alterações climáticas estão intimamente ligados à forma como abordamos a falta de acesso a água, saneamento e higiene em termos de mitigação e de adaptação. Estou a referir-me ao ODS número 13. Ou então a igualdade de género, que está consagrada no ODS 5. Não é possível enquanto houver alunas que faltam à escola por não terem casas de banho para utilizar em privacidade e em condições de dignidade quando estão, por exemplo, menstruadas.”
Parcerias
Catarina de Albuquerque foi a primeira relatora da ONU sobre o tema. Ela contou que em 2040, a demanda global de água deverá aumentar em mais da metade.
Ele também realçou a importância do Encontro de Alto Nível, na sede da ONU, na semana passada, dizendo que a mudança deve começar com as lideranças globais.
“Eu acredito que a chave para acabar com as barreiras no acesso à água e ao saneamento está nas mãos dos decisores de alto nível, chefes de Estado, chefes de Governo, ministros, todos aqueles que são responsáveis pela prestação destes serviços que, como sabemos, são direitos humanos.”
Objetivos
Catarina de Albuquerque explicou à ONU News como a Saneamento para Todos, SWA na sigla em inglês, atua com mais de 300 parceiros para tentar mudar esta situação.
“Estamos a trabalhar com os nossos parceiros em duas áreas. Na mobilização de atores políticos ao mais alto nível, ministros, chefes de Estado e de Governo, membros do Parlamento, porque a liderança no setor da água tem de vir de cima. E, por outro lado, estamos a trabalhar com outros setores que, como dizia, há pouco, são indispensáveis para que o setor da água funcione e outros setores que não podem ter sucesso se não tivermos água, saneamento e higiene para todos no mundo.”
Riscos
Hoje, a água está sob extrema ameaça devido ao crescimento populacional, as crescentes demandas da agricultura e da indústria e o agravamento dos impactos das mudanças climáticas.
Globalmente, são mais de 3 bilhões de pessoas em risco de doenças porque não existem informações sobre a qualidade da água de seus rios, lagos e lençóis freáticos.
Ao mesmo tempo, um quinto das bacias hidrográficas do mundo está passando por flutuações dramáticas na disponibilidade de água.
Crianças
Segundo dados da ONU, o abastecimento de água e o saneamento resilientes ao clima podem salvar a vida de mais de 360 mil crianças todos os anos.
Se o mundo limitar o aquecimento global a 1,5 ° C acima dos níveis pré-industriais, o estresse hídrico induzido pelo clima pode ser reduzido em até 50%.
O secretário-geral afirmou, no entanto, que a declaração conjunta assinada por cerca de 160 países durante a reunião de alto nível da ONU sobre a água, realizada na semana passado, é um sinal encorajador.