Queimadas e desmatamento na Amazônia – Foto: Divulgação
POR – WWF-BRASIL / NEO MONDO
Mesmo com boa parte da Amazônia coberta por nuvens que impedem a medição exata dos satélites, abril desponta com um número recorde de desmatamento: crescimento de 43% em relação ao ano passado
Os dados dos últimos meses indicam uma tendência de alta muito preocupante, uma vez que nos aproximamos do período de seca na Amazônia e no Cerrado.
O aumento do desmatamento reforça a percepção de que as ações do Governo para o combate ao desmatamento continuam sem eficácia.
Apesar do discurso apresentado na Cúpula do Clima, o governo de Jair Bolsonaro continua enfraquecendo o combate a ilegalidades por meio de mudanças contínuas que sistematicamente estrangulam o IBAMA e demais órgãos ambientais.
Ao mesmo tempo, passa a mensagem de que o desmatamento é apoiado pelo governo, como no recente episódio envolvendo o ministro do Meio Ambiente e que levou à demissão do chefe da Polícia Federal do Amazonas, responsável pela maior apreensão de madeira ilegal da região.
A destruição da Amazônia também é incentivada pelo poder Legislativo, como nos projetos de lei 2633 e o 510, ambos controversos na proposição de favorecimentos a invasores de terras públicas. Há ainda, projetos regionais como o 080/2020 aprovado em Rondônia às vésperas da Cúpula do Clima, que reduz unidades de conservação invadidas por grileiros, efetivando assim o projeto de desmonte ambiental no país.
Na Amazônia, tivemos os recordes de desmatamento dos últimos seis anos: 368 km² em março (12% superior a 2020) e 581 km² em abril (43% acima dos valores desmatados em 2020). Olhando para os dados acumulados entre janeiro e abril, a tendência de alta vem se confirmando. Estamos no mesmo patamar do ano passado e provavelmente teremos uma repetição de recordes desmatados. Na Amazônia o acumulado em 2021 é 1.157km2 contra 1.204 em 2020. Já no Cerrado, a área em alerta de desmatamento acumulado entre 1 de janeiro e 22 de abril deste ano já é 32% superior à de 2020.