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POR – ROSENILDO FERREIRA, PARA COALIZÃO VERDE (1 PAPO RETO e NEO MONDO)
A Companhia Melhoramentos é uma empresa singular. Fundada em 1877, na cidade de Caieiras (SP), e sob o comando da família Weiszflog desde 1920, até hoje se mantém independente num setor onde escala faz toda diferença, e no qual os movimentos de consolidação são constantes.
É neste contexto que está se dando o processo de “refundação da Companhia Melhoramentos” que obteve receita de R$ 100,5 milhões, em 2020, com as divisões de floresta e editorial. Um montante que pode ser considerado modesto diante das concorrentes igualmente listadas em Bolsa de Valores: Suzano, R$ 30,4 bilhões em 2020, e Klabin (R$ 11,9 bilhões).
A Nova Melhoramentos está ajustando todas as suas estratégias com foco nos pilares governança, meio ambiente e impacto social, mais conhecidos pela sigla ESG (na denominação em inglês). “A Companhia sempre teve uma grande performance em diversos aspectos do universo ESG. Contudo, nunca se preocupou em comunicar isso”, explica Karin Neves, diretora jurídica, sustentabilidade e de pessoas.
Alguns destes pontos estão destacados no Relatório de Sustentabilidade de 2020, lançado recentemente, depois de um hiato de três anos em relação à última publicação do tipo. Salta aos olhos dois aspectos. O primeiro é o aumento da presença feminina em cargos de decisão. A começar pelo Conselho de Administração, presidido por Patrícia Bentes, experimentada executiva com passagem pelo Citigroup, em Nova York, e uma das cinco conselheiras independentes em uma lista que inclui, ainda, Andiara Pedroso Peterlle, doutora em administração de empresas pela Business School Lausanne e vice-presidente de produto e operações do Grupo RBS. Na diretoria executiva, três das cinco cadeiras são ocupadas por mulheres: Carolina Alcoforado (operações), Fernanda Saboya (editorial) e a própria Karin.
O processo de rejuvenescimento acabou gerando um turnover de 66,7% na parte de cima da pirâmide etária: funcionários acima de 50 anos. Segundo a responsável pela área jurídica, sustentabilidade e de pessoas, isso não significa dizer que a empresa não valorize a experiência. Ao contrário. “Nossa política de Recursos Humanos não discrimina os profissionais sêniores”, diz. Ela destaca que o índice de 66,7% se deve ao processo de aposentadoria de funcionários, muitos dos quais passaram toda sua vida adulta na empresa. “Nosso quadro de pessoal incluía, e ainda inclui, inúmeros colaboradores com mais de 40 anos de casa”.
Pelo lado ambiental, a nova estratégia prevê ampliar e reforçar as práticas já consolidadas na empresa. Exemplo: desde 2011, a Companhia Melhoramentos possui certificação de 100% de seus produtos pela FSC (Forest Stewardship Council). Mais. Seu principal produto, a fibra de alto rendimento, possui um índice invejável de produtividade, pois são necessárias apenas 10 árvores para a produção de cada tonelada. Na fabricação da celulose convencional são utilizadas 20 árvores. Este insumo, utilizado pelos clientes na produção de papéis (tissue e cartão) e na indústria geral (garrafas PET, tapetes, embalagens, copos e canudos) responde por 70% das receitas da Companhia Melhoramentos.
Os índices são positivos também na geração de energia e na gestão dos resíduos sólidos. No primeiro caso, a meta é que até 2026 toda energia consumida no processo fabril será gerada internamente, a partir de fontes renováveis. Hoje, este índice é de 70%. O mesmo se aplica à geração de resíduos, cuja taxa de compostagem está em 88%. “Já poderíamos dizer até que somos uma empresa carbono positivo, em função do perfil de nossos produtos. Porém, só vamos fazer isso após uma completa auditoria realizada por fontes independentes”.