Foto – Pixabay
POR – WWF-BRASIL / NEO MONDO
O Dia da Sobrecarga da Terra (em inglês, Earth Overshoot Day) marca o dia do ano em que a demanda da humanidade por recursos naturais supera a capacidade da Terra de produzir ou renovar esses recursos ao longo de 365 dias. Basicamente, entramos no vermelho e passamos a usar o “cheque especial” do planeta
29 DE JULHO DE 2021
Nesse ano gastamos os recursos que a Terra é capaz de renovar três semanas mais cedo do que em 2020.
Em 2019 era necessário 1,75 planeta para sustentar nosso padrão de consumo. Em 2020, com a pandemia, esse número caiu para 1,6, de acordo com a GFN (Global Footprint Network), organização internacional responsável pelo cálculo. Agora o número voltou a subir: precisamos de 1,7 planeta.
Em 2021 a Pegada Ecológica total aumentou 6,6% em relação ao ano anterior, enquanto a biocapacidade total aumentou 0,3% no mesmo período de tempo. Apesar do pequeno crescimento, isso está longe de ser o suficiente.
IMPACTO DA COVID-19
Ano passado o adiamento do Dia da Sobrecarga da Terra para 22 de agosto aconteceu por conta das restrições globais causadas pela pandemia de Covid-19, que causaram uma queda acentuada nas emissões de CO2.
Mas, se no final de 2020, as emissões totais foram reportadas como sendo 5,8% inferiores às emissões de 2019, em 2021, estima-se que as emissões aumentarão 4,8% em relação ao ano passado, deixando-nos um pouco abaixo dos níveis de emissões de 2019.
27 DE JULHO 2021
Dia da Sobrecarga da Terra no Brasil
Infelizmente, a data brasileira aconteceu dois dias antes do dia global. Além disso, o Brasil ganhou destaque negativo nesse processo.
Em 2020, por causa da pandemia, os modos de vida e de produção foram forçados a parar e, mesmo assim, o país atingiu recordes de desmatamento e queimadas.
O aumento do desmatamento (43% maior que em 2020, quando 1,1 milhão de hectares foram destruídos) e a degradação da Amazônia na biocapacidade florestal mundial (estimada em 0,5%) foram dois dos motivos para a data, mesmo com a pandemia, se adiantar.
“Os juros acumulados de décadas consumindo mais recursos naturais que o planeta consegue regenerar criaram um passivo socioambiental: temos uma dívida com as pessoas que foram vulnerabilizadas nesse processo histórico-econômico, em especial os povos originários e as populações negras, e com a natureza que foi destruída”
Gabriela Yamaguchi, diretora de Sociedade Engajada do WWF-Brasil
Se quisermos um futuro mais justo, saudável e em harmonia com o meio ambiente, precisamos priorizar as soluções concretas: não basta parar de destruir, precisamos investir na restauração da natureza com inclusão social.
Não existe nenhuma solução mais eficiente no mundo para capturar carbono do que a biodiversidade saudável, em harmonia com as pessoas. Já temos a contribuição da ciência e do conhecimento dos povos originários para nos indicar que esse é o único caminho que precisamos trilhar.