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POR – ELLEN CARBONARI*, ESPECIAL PARA NEO MONDO
Para além de um processo que pode ser mapeado e aplicado para reduzir os riscos de investimento, a inovação é um instrumento capaz de auxiliar o mundo a atravessar os tempos incertos. Acredito que você concorde comigo quando digo que os últimos anos têm sido pautados por mudanças significativas e revelado o que é necessário transformar de forma urgente no mundo. As restrições sociais, sejam elas políticas, econômicas ou ambientais, somadas à capilaridade proporcionada pelas redes sociais, impulsionaram mais pessoas a buscar espaço e oportunidades para se engajarem, serem ouvidas, representadas e incluídas.
Quando a agenda é mercado de trabalho, naturalmente mais pessoas denunciam as estruturas sofisticadas que impedem uma agenda de desenvolvimento igualitário. Por exemplo, segundo dados do GEM (2017), no Brasil, 47% do empreendedorismo feminino é motivado por necessidade – para os homens, esse índice é de 34%. Este dado revela as necessidades de uma parcela da população. Os desafios enfrentados no mercado de trabalho e a dificuldade em conciliar vida profissional e pessoal/familiar faz com que muitas mulheres “optem” pela jornada do empreendedorismo.
Nesse contexto, muitas possuem dificuldades em desenvolver suas propostas por não terem familiaridade e recursos para a gestão técnica de seus negócios, mas também pela ausência de competências socioemocionais envolvidas no processo de empreender. Estas competências são historicamente desenhadas e retratadas por figuras masculinas, dificultando a identificação destas mulheres com modelos e referências a serem perseguidas que dialoguem com a complexidade de ser mulher.
Quando o assunto é empreendedorismo feminino portanto, se faz necessário compreender do que se trata essa igualdade a ser perseguida. Igualdade de gênero significa homens e mulheres tendo as mesmas oportunidades para desenvolver plenamente seu potencial e se beneficiar dos resultados. Para solidificar esse pensamento não basta ações pontuais e esporádicas, é preciso reconhecer o distanciamento entre os pontos de partida e as barreiras invisíveis na trilha do empreendedorismo femino. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), no primeiro trimestre de 2020, o número de mulheres que perderam o trabalho foi 25% maior que o de homens. Isso aumentou a probabilidade de busca do empreendedorismo por necessidade pelas mulheres, uma vez que muitas delas são chefes de família.
Além disso, segundo estudo do Mckinsey Global Institute, a inclusão produtiva das mulheres via empreendedorismo favorece a melhoria dos aspectos sociais, educacionais e indicadores de saúde tanto das empreendedoras quanto de suas famílias. A promoção da igualdade de condições de trabalho promoveria um incremento de cerca de 30% do produto interno bruto (PIB) brasileiro. Portanto, existe uma correlação positiva entre maior produtividade econômica da mulher, principalmente empresárias, e o crescimento econômico de um país. Mulheres em cargos de liderança e à frente de negócios tendem a gerar mais emprego e oportunidades para outras mulheres, fomentando uma rede de crescimento e oportunidades coletivas e ascendentes.