Reportagem especial foi realizada em parceria entre Amazônia Real e Repórter Brasil e é a única produzida por veículos independentes entre os cinco melhores trabalhos de 2021. Imagem acima mostra garimpo na região do Homoxi na Terra Indígena Yanomami – Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real
POR – AMAZÔNIA REAL / NEO MONDO
A série especial “Ouro do Sangue Yanomami”, uma parceria entre Amazônia Real e Repórter Brasil, é uma das cinco finalistas do 10º Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos, na categoria Reportagens Jornalísticas. Na última segunda-feira (4), três jurados, em reunião online, definiram a lista dos melhores trabalhos. “Ouro do Sangue Yanomami” é a única produção de veículos independentes entre os finalistas.
Após quatro meses de investigação, a reportagem publicada pelas duas organizações de jornalismo independente revelou o funcionamento da cadeia de extração ilegal de ouro na Terra Indígena Yanomami (TIY), em Roraima, norte do Brasil. O esquema ganhou novas proporções durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como mostra o especial.
As equipes da Amazônia Real e da Repórter Brasil foram formadas por 21 profissionais, entre repórteres, fotógrafos, editores, social mídia, desenvolvedores e tradutora.
“Ficamos muito felizes por estar entre os finalistas deste prêmio importante, que leva o nome de uma juíza que morreu lutando pelos direitos humanos”, afirmou Kátia Brasil, jornalista que é uma das fundadoras da Amazônia Real e coordenou a reportagem. A Associação dos Magistrados do Estado do Rio de Janeiro (Amaerj), que neste ano completa 30 anos, criou a premiação em 2012 para celebrar a memória da juíza Patrícia Acioli, assassinada um ano antes, em Niterói (RJ), por policiais militares.
O jornalismo investigativo praticado pelas duas agências – Amazônia Real e Repórter Brasil – motivou o trabalho em conjunto para elucidar como funciona a cadeia da exploração ilegal do ouro no País.
“A realização do especial “Ouro do Sangue Yanomami” em plena pandemia foi desafiadora. Duas perguntas foram a base da investigação: quem vende e quem compra o ouro do território Yanomami? O resultado provoca uma reflexão da sociedade, pois quem compra joias de garimpo ilegal contribui para a devastação da floresta amazônica e a morte dos indígenas Yanomami”, explica Kátia Brasil.
“Foi incrível trabalhar em parceria com a Amazônia Real, e mais gratificante ainda estarmos na final deste prêmio junto a outras investigações igualmente importantes. Sem dúvida, um lindo reconhecimento ao trabalho do jornalismo independente”, disse Ana Magalhães, coordenadora de jornalismo da Repórter Brasil.
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A categoria Reportagens Jornalísticas recebeu 122 inscrições e a qualidade dos trabalhos apresentados impressionou os jurados. “Esta foi a mais difícil escolha dos últimos cinco anos. Reportagens de ótima qualidade, infelizmente, acabaram fora da seleção final”, disse o jornalista Sergio Torres, jurado da categoria desde 2017. Além de Torres, o júri foi composto pelos jornalistas Karine Rodrigues e Chico Santos.
“A oportunidade de ler e assistir a tantas reportagens de alto nível me engrandece como pessoa e como jornalista”, disse Karine. “A ampla gama de assuntos relacionados aos direitos humanos e a excelência dos trabalhos dificultaram muito a nossa tarefa. Mas acho que, apesar de nem todos serem contemplados, a justiça foi feita”, avaliou Chico.
Além de “Ouro do Sangue Yanomami”, composta de oito reportagens especiais e que foi traduzida para o inglês, são finalistas as produções “Da tortura à loucura: ditadura internou 24 presos políticos em manicômios”, do UOL; “Hanseníase: internação à força e filhos separados dos pais”, do Projeto Colabora; “Inocentes Presos”, da Folha de S.Paulo e do UOL; e “O Estado arma o crime”, dos jornais O Globo e Extra.
Os vencedores serão divulgados em 8 de novembro, durante cerimônia de premiação.
Participaram da série finalista do Prêmio Patrícia Acioli os profissionais, da Amazônia Real: Kátia Brasil (editora executiva); Eduardo Nunomura (editor especial); Alberto Cesar Araujo (editor de fotografia), Elaíze Farias (editora de conteúdo); Maria Fernanda Ribeiro, Clara Britto e Alicia Lobato (repórteres); Bruno Kelly (fotógrafo aéreo) e Paulo Dessana (fotógrafo); Lívia Lemos (social mídia); Maria Cecília Costa (assessora executiva); Giovanny Vera (mapas); César Nogueira (editor); Nelson Mota (desenvolvedor); e Ana Cecília Maranhão Godoy (tradutora). E da Repórter Brasil: Ana Magalhães (coordenadora de jornalismo); Mariana Della Barba (editora); Mayra Sartorato (editora de social mídia ); Piero Locatelli e Guilherme Henrique (repórteres) e Joyce Cardoso (estagiária).
Em 2019, a série “Sem direitos: o rosto da exclusão social no Brasil”, resultado da parceria colaborativa entre o site #Colabora, Amazônia Real e Ponte Jornalismo foi uma das cinco reportagens finalistas da 8ª edição do Prêmio Amaerj Patrícia Acioli de Direitos Humanos.
A reportagem, que já ganhou o Prêmio Vladimir Herzog, foi produzida em parceria entre o #Colabora, Amazônia Real e Ponte Jornalismo – Foto: Sem moradia: seu Isaias e a família em Belém/Pedrosa Neto/Amazônia Real