Cartaz do filme “Marighella”, dirigido por Wagner Moura – Imagem: Divulgação
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Por – Leila Kiyomura, para o Jornal da USP / Neo Mondo
O filme Marighella, dirigido por Wagner Moura, em cartaz nos cinemas da cidade, é o tema da coluna Ouvir Imagens, de Giselle Beiguelman (clique e ouça o player acima). “Resgatar esse personagem, que foi considerado o inimigo número um da ditadura, em um tempo de negacionismos como o que estamos vivendo, é fundamental”, comenta. “Especialmente se lembrarmos que o filme, previsto para 2019, sofreu uma série de interdições do governo federal e só estreou agora!”
Beiguelman aponta a narrativa com momentos que define como espetaculares. ” Uma câmera alucinada com closes muito próximos e superdefinidos, que disparam a adrenalina do público. A trilha sonora vai de Chico Science a Mano Brown e Gonzaguinha. A atuação de Bruno Gagliasso como o delegado Lucio é surpreendente.”
A colunista chama a atenção dos leitores para um detalhe: Na metade do filme, Marighella, interpretado por Seu Jorge, diz uma frase, durante uma entrevista à revista francesa Front (1964), que se tornou o epitáfio de seu túmulo “Não tive tempo para ter medo”. Lembra que a lápide de Carlos Marighella no cemitério Quinta dos Lázaros, em Salvador, foi projetado por Oscar Niemeyer. E recomenda a leitura do livro Chamamento ao povo brasileiro, que reúne textos, ensaios, cartas e manifestos de Marighella, lançado pela UBU Editora. Ou o fac-símile publicado na revista Cult. “Vale a leitura. É uma aula sobre resiliência e a necessidade de resistir”, orienta Giselle Beiguelman.