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ARTIGO
POR – MARCELO FURTADO*, PARA NEO MONDO
A dicotomia que vimos na COP entre discurso e prática estava presente no discurso do ministro nesta manhã. Ele falou que o país adotou metas mais ambiciosas – mas sabemos que, na verdade, o país simplesmente voltou ao seu compromisso anterior. Ressaltou a questão de energias renováveis, mas não disse que o governo está fomentando a participação de energias fósseis em sua matriz energética.
Também mencionou o Programa Nacional de Crescimento Verde, cujo fundo inicial é de US$ 50 bilhões, mas que, pelo que vimos, é meramente uma carta de intenções, uma manifestação de interesse.
Leite disse que o governo dobrou os recursos destinados às agências ambientais federais e contratou 739 novos agentes ambientais, mas o que vemos hoje é um recorde histórico de desmatamento.
Afirmou que o Brasil é “gigante pela própria natureza”. O Brasil gigante é representado na COP pela sociedade civil e pelo setor privado, por comunidades, indígenas e pela academia. Todos demonstram mais comprometimento, apontam soluções, organizam debates em altíssimo nível e, mais do que tudo, têm a vontade política de construir um país maior e melhor. São atores que, a despeito de um governo federal que aposta no retrocesso, querem enfrentar o desafio das mudanças climáticas e criar uma economia do futuro, com inclusão, sustentabilidade e saúde.
Terminou o discurso dizendo que “o futuro verde já começou no Brasil”. Na prática, o país aumentou seu desmatamento, a participação das térmicas em sua matriz energética e não avançou em sua ambição climática.
*Marcelo Furtado é professor visitante da Universidade de Columbia e fundador da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agropecuária.
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