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ARTIGO
POR – MIGUEL SIEH*, PARA NEO MONDO
As empresas estão finalmente tomando medidas efetivas para tornar suas marcas mais sustentáveis. Com clientes cada vez mais exigentes quanto às marcas e produtos que consomem, empresas enfrentam um grande desafio sobre a melhor forma de minimizar o impacto ambiental que causam. O Environmental, Social and Governance, o tão falado ESG, é o conjunto dessas práticas ambientais, sociais e de governança necessárias para que uma empresa estruture a responsabilidade de cuidar do meio ambiente.
Para se ter uma ideia, a procura pela sigla no Google teve aumento de mais de 400%, em comparação com os anos anteriores, segundo o Google Trends. O termo, que surgiu em 2004 em uma conferência da Organização das Nações Unidas (ONU), tem recebido atenção de empresas e investidores, que procuram gerar valor a partir de ações práticas que beneficiam o meio ambiente. Hoje, há muito talento e dinheiro sendo investido em negócios inovadores voltados para a tecnologia, que tornam mais simples e mais fácil a questão da sustentabilidade. Parcerias entre startups e scaleups são, por exemplo, ferramentas poderosas para testar iniciativas efetivas com maior velocidade e menor custo.
A grande questão é que as empresas precisam atentar-se não somente ao se ou quando, mas quais ações estão tomando para reduzir seu impacto ambiental.
Atentar-se ao Macroambiente
Muitas empresas estão testando bioplásticos biodegradáveis para substituir os plásticos feitos a partir do petróleo. Mas, enquanto eles são feitos a partir de uma matéria-prima renovável, a maioria não é biodegradável, exceto em algumas instalações de compostagem industrial. Muitos desses lugares não podem aceitar bioplásticos devido aos riscos de contaminação, então grande parte dos resíduos são enviados para aterros ou esgotos, onde acabam causando mais problemas que os plásticos convencionais, atingindo animais, enchendo aterros e envenenando, como cadeias alimentares.
Ao olhar para o macroambiente da produção de plástico e atentar-se à substituição do material, algumas empresas já estão abandonando totalmente embalagens descartáveis. Isso pode ser feito apostando em embalagens duráveis e reutilizáveis, e até retribuindo, de alguma maneira, o cliente que devolver a embalagem. É uma maneira da empresa mudar a imagem do consumidor em relação às embalagens, além de incentivar que o cliente retorne.
Fortalecer o elo mais fraco da cadeia de suprimentos
Uma das soluções para resolver problemas ligados à sustentabilidade é verificar se todos os envolvidos na cadeia de valor estão colaborando, pois são ações unilaterais necessárias que geralmente acabam falhando por conta da escala e complexidade do problema.
Neste sentido, a atenção ao rastreamento de materiais e produtos através da cadeia de suprimentos, que promete melhorar a eficiência, reduzir custos e trazer transparência aos consumidores, são exemplos que previnem fraudes. Venture Capitals investiram mais de 38 bilhões de dólares em startups que permitem a eficiência da cadeia de suprimentos, mas nenhuma solução foi implementada numa escala que dê visibilidade real e confiança na comprovação do produto.
Uma solução para isso é incentivar múltiplos jogadores a adotarem um sistema específico, sem interromper os fluxos existentes e ao mesmo tempo em que são protegidos de dados da concorrência. No setor de logística, já há exemplos de plataformas neutras sustentadas pela tecnologia blockchain e que fornece uma fonte segura de dados para o transporte de múltiplos players. Isso permite que a indústria compartilhe documentos de transporte e colabore de forma segura.
O pós-produção também é um problema da empresa
Uma maneira de vender e administrar o desperdício importa cada vez mais. Os mais preocupados consumidores estão liderando uma tarefa de procurar varejistas de confiança, tanto em relação à produção quanto ao descarte responsável. Na indústria da moda, por exemplo, já existem marcas criando um sistema que permite que os consumidores devolvam roupas gastas à marca para serem recicladas em novas peças de vestuário. A resposta ideal é permitir que os consumidores façam as melhores escolhas e dividir essa responsabilidade entre os dois lados da moeda, empresas e consumidores.
O caminho para um futuro mais sustentável é longo e difícil. São ações que demandam alto investimento em tecnologia, implementação e desenvolvimento. Não é algo negociável, já que os consumidores e os ganhos são cada vez mais das empresas. A necessidade de inovação é clara. Não é possível continuar com os produtos e formatos que existem, sendo fabricados e distribuídos da maneira que são. É necessário que o meio ambiente ganhe.