Caso de captura de raia-manta ocorrido em maio de 2020 em Suburbana Paripe, Salvador – Foto: Divulgação/Mantas do Brasil
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
É crime a pesca, transporte e comercialização das espécies de raias da família Mobulidae. Mesmo assim, estudos comprovam que as raias-manta continuam sendo capturadas intencional e acidentalmente em diversos estados do litoral brasileiro
O artigo científico da oceanóloga Nayara Bucair, do Projeto Mantas do Brasil foi publicado na revista Global Ecology and Conservation (veja aqui) em outubro deste ano e mostra que dos 270 espécimes analisadas, todas, ou seja, 100% das lesões observadas resultaram de atividades antrópicas (relativo à ação humana) e que 34,3% dos animais feridos arrastavam equipamentos de pesca.
O mapeamento enfatiza as capturas incidentais e intencionais ocorridas em diversos estados brasileiros, em especial nos estados da Bahia, Espírito Santo e Sergipe. Os relatos de capturas aconteceram depois que os mobulídeos receberam o status de proteção no Brasil.
“É muito preocupante a condição em que as mantas se encontram. No Brasil, é uma espécie que ocorre em todo o litoral e está sujeita a diversos impactos antrópicos, não somente pelo consumo local, mas como fornecedor de subprodutos de raia-manta (como feixes branqueais) para o mercado asiático. Tem também a dificuldade em estudar espécies migratórias. Há carência de informação e fiscalização deficiente com um litoral tão extenso como o nosso”, declara com preocupação a oceanóloga Nayara Bucair.
“Sem saberem, os pescadores estão não apenas consumindo carne não indicada para consumo humano, como é o caso da carne de raias e tubarões, mas também comendo hoje o seu amanhã”, destacou Ana Paula Balboni Coelho, coordenadora do Projeto Mantas do Brasil. “Precisamos levar esse conhecimento aos pescadores a fim de que se tornem agentes da preservação, não apenas dos gigantes marinhos, mas também de seu próprio futuro”, declarou.
Estando na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), no Brasil, como forma de protegê-la, assim como as demais espécies da família Mobulidae, no dia 13 de março de 2013, foi publicada a Instrução Normativa Interministerial Nº 2 (veja aqui) que proíbe a pesca, transporte e comercialização destas raias. Quem for pego capturando, transportando e comercializando alguma dessas espécies, terão cancelados seus cadastros, autorizações, inscrições, licenças, permissões ou registros da atividade pesqueira além de outras sanções que podem ocorrer.
O Projeto Mantas do Brasil é realizado nacionalmente pelo Instituto Laje Viva e patrocinado pela Santos Port Authority, empresa que administra o Porto de Santos, o maior porto da América Latina, localizado na cidade de Santos, estado de São Paulo.