Quadro – Metade de Mim, por Rudy Rahal – Imagem: Divulgação
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
A Up Time Art Gallery, galeria brasileira de arte itinerante, explica como é feito o transporte das obras, tomando como exemplo os trabalhos que serão expostos em Paris, no mês de abril de 2022
Ao contemplar uma obra de arte durante a sua exposição, a reflexão sobre o conceito e significado do trabalho tomam conta do pensamento de quem a observa, que permanece imerso na experiência do momento. Mas, será que a curiosidade de como essas obras são transportadas e montadas passa pela cabeça do público enquanto ele aproveita o vernissage e admira as produções? Foi pensando nisso que a UP Time Art Gallery, galeria de arte itinerante que reúne artistas do Brasil e da Europa, revela o cuidadoso e detalhado processo de envio das obras de arte para sua próxima mostra, que acontece entre 8 e 10 de abril, no Carrousel du Louvre, no Museu du Louvre, em Paris.
A galeria paulistana, especializada em arte contemporânea, será a responsável por levar o trabalho de 18 talentosos artistas para o maior e mais visitado museu do mundo, inaugurado em 1793 na capital francesa. Entre as criações, estão: o hiper-realismo de Andreia Mariano, o abstracionismo figurativo de Lupegoraro e a beleza ímpar dos trabalhos de Natan, que tem como base as cores de São Paulo. “Exposições internacionais são mais complexas, justamente pelo processo de documentação, embalagem, armazenamento e transporte, além da responsabilidade no cuidado e manuseio com às obras de arte. O custo pode ser até seis vezes mais caro do que fazer uma exposição no Brasil e o motivo disso está no processo logístico”, afirma Marisa Melo, fundadora da UP Time, curadora artística e empresária no mundo da arte.
Visando a preservação e conservação do acervo, as obras de arte são despachadas com até 10 dias de antecedência do início da exposição e o processo burocrático começa cerca de dois meses antes. “O cuidado que temos é com o tempo de preparo e transporte até o destino. A embalagem é feita apenas dois dias antes do embarque e desembaladas assim que chegam em nosso depósito em Paris”, explica a curadora. Confira, a seguir, o processo completo do traslado das obras de arte desde a saída do Brasil até a chegada na capital francesa, de acordo com a UP Time Art Gallery:
- Certificação do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Nacional
“Cada país tem a sua legislação para a saída de bens culturais. Quando exportamos uma obra de arte, precisamos estar em linha com a legislação tanto do país de origem como do destino”, esclarece Marisa. O IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional) é o órgão responsável por promover e coordenar os processos de preservação do Patrimônio Cultural Brasileiro, estabelecendo as regras e legislações específicas para a saída de bens culturais do Brasil. “O primeiro passo é consultar se existem restrições legais para saída de obras de arte do país. Atualmente, existem alguns bens culturais que são proibidos, como acervo e patrimônio histórico, bens de interesse arqueológico, entre outros”, explica a empresária.
Após essa certificação, o segundo passo consiste no preenchimento do formulário de saída de bens culturais do Brasil, disponível no site do IPHAN. “Nesse formulário, colocamos a ficha técnica da obra, que são todas as informações referentes à obra, como nome, tamanho, técnica, ano de produção, nome do artista, nome do responsável pela exportação – que no caso é a galeria – e foto”, desenvolve Marisa. O processo, que começa cerca de dois meses antes da exposição, é feito de forma eletrônica e, após a liberação certificada pelo IPHAN, é necessário mostrar a documentação para a Polícia Federal, no dia do embarque. A mesma documentação também é exigida no desembarque, em Paris.
- Preparação do acervo para viagem
De representação histórica à reprodução pessoal, uma obra de arte é considerada um bem de valor incalculável. Sendo assim, o acervo deve ser cuidadosamente manuseado, objetivando a conservação das produções, as quais demandam cuidados especiais. “A embalagem é de responsabilidade da galeria e não da companhia aérea. Dessa forma, tomamos todos os cuidados necessários na preparação das embalagens, que são reforçadas com materiais adequados para a conservação, como plástico bolha, papel de seda e espuma de nylon. Depois disso, as produções são colocadas em caixas resistentes para a viagem”, detalha a curadora. As obras de arte são embaladas um dia antes do embarque para o país de destino, em razão do valor e sensibilidade do trabalho.
Juntamente com o cuidadoso procedimento de embalagem, é recomendável fazer um seguro especial para obras de arte, a fim de proteger e assegurar as obras de eventuais furtos, roubos ou danos sofridos, principalmente durante o traslado. “Por ser mais rápido, o transporte mais seguro para realizar esse processo é o aéreo, visto que as obras não podem ficar muito tempo embaladas, podem sofrer alteração na tinta”, complementa a curadora da UP Time Art Gallery, que tem o objetivo de levar a arte para diversos públicos, tanto nacionais como internacionais.
- A chegada ao destino final
Ao desembarcar na capital francesa, a polícia federal da França vai exigir os mesmos documentos requisitados no momento do embarque, no Brasil. “Chegando em Paris, temos um depósito adaptado e customizado para receber as obras de arte, um local resfriado e preparado para que elas sejam desembaladas e preparadas para a montagem no Louvre”, discorre Marisa. Condições como temperatura, umidade e iluminação influenciam diretamente nas obras e, sendo assim, é essencial que o local siga à risca todas as especificações e exigências, para conservar as obras até o momento da montagem da exposição.
A UP Time Art Gallery também é a responsável pelo traslado do depósito onde as obras são armazenadas após o desembarque no aeroporto de Paris até o Museu du Louvre, no centro da capital francesa. “Nesse percurso, nós fazemos uma embalagem mais leve para as obras, utilizando apenas plástico bolha e fora das caixas grossas que embalamos para pegar o avião, justamente para que elas fiquem arejadas na locomoção até o museu, no dia da montagem”, detalha Marisa.
- Cuidados com o armazenamento
De acordo com a curadora artística, locais com muita umidade contribuem para a proliferação de mofo, que pode acometer as obras se não armazenadas em local arejado e com boa circulação de ar, chamado Reserva Técnica. “Além da umidade, é essencial que as produções fiquem longe da exposição direta ao sol e da luz intensa. Outro cuidado essencial é deixá-los longe de aquecedores e do vento gelado do ar-condicionado. O ambiente resfriado é importante para manter a conservação, porém, existe todo um cuidado para que o ar não esteja ligado diretamente nas obras de arte”, esclarece.
Evidenciando todas as etapas do processo de transporte das obras de arte, que serão expostas na mostra especial do Carrousel du Louvre, em Paris, é imprescindível uma performance qualificada, responsável e cuidadosa, tendo em vista o valor inestimável das obras e a responsabilidade para com os bens culturais transportados. “É uma honra e um prestígio imenso para a UP Time representar artistas tão importantes e talentosos na mostra do Carrousel du Louvre, no centro mundial da arte, em Paris”, declara a empresária. “Fazemos tudo com muito amor, comprometimento e profissionalismo, visando sempre o alcance e a valorização da arte para o público nacional e internacional”, finaliza.