Raia-manta capturada em praia de Vila Velha (ES) – Imagem: Global Ecology and Conservation
POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Filhote de uma espécie de raia-manta ainda não descrita é capturado e arrastado até a praia do Jauá. O caso não é isolado
Um filhote de raia-manta, com aproximadamente 138 kg, se enredou em uma rede de captura de lagosta e acabou sendo arrastado para a areia e morto. O episódio aconteceu pela manhã de quinta-feira, 7, na praia de Jauá, Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador.
As raias-manta são espécies ameaçadas de extinção e a captura, transporte ou comercialização é proibida por lei.
“Trata-se de um animal muito raro. A análise do material coletado é uma grande oportunidade de aprendizado. Vamos fazer de tudo para gerar conhecimento a partir desse episódio”, destacou o presidente do Instituto Rede Mar Brasil, William Freitas, que viu toda a movimentação na praia de Jauá na hora da captura.
Mas este infelizmente não é um fato novo e algumas capturas acidentais e intencionais ocorridas em diversos estados brasileiros estão na publicação científica da oceanóloga Nayara Bucair, do Projeto Mantas do Brasil que é patrocinado pelo Santos Port Authority, da revista Global Ecology and Conservation (https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2351989421003036).
O mapeamento enfatiza as capturas incidentais e intencionais ocorridas em diversos estados brasileiros, em especial nos estados da Bahia, Espírito Santo e Sergipe. Mostra que dos 270 espécimes analisadas, 25,9% (70 espécimes) apresentavam feridas e todas as lesões resultado de atividades antrópicas (relativo à ação humana), e que 34,3% dos animais feridos arrastavam equipamentos de pesca.
Os relatos de capturas aconteceram depois que os mobulídeos receberam o status de proteção no Brasil.
Como as leis de proteção para as arraias-mantas são consideravelmente novas em relação a outros animais e por não haver tanta fiscalização em relação à captura ilegal da espécie, as populações continuam diminuindo sob essa ameaça. “A divulgação científica tem o papel de reverter essa situação, ajudando as pessoas a enxergarem que esse animal vale muito mais vivo. Geram mais recursos como produto do turismo do que da pesca. Precisamos levar esse conhecimento aos pescadores da Bahia, a fim de que se tornem agentes da preservação”, destaca Nayara.
Conforme classificação da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (ICN), as raias-manta estão ameaçadas de extinção e a pesca desta espécie está proibida. Devido ao processo reprodutivo lento e complexo do animal – a fêmea gera apenas um filhote a cada três anos, suas populações são levadas rapidamente ao declínio quando expostas a capturas.
Mantas do Brasil é um projeto realizado nacionalmente pelo Instituto Laje Viva e patrocinado pela Santos Port Authority, empresa que administra o Porto de Santos, em São Paulo. Na Bahia, a parceria do Projeto Mantas do Brasil com o Instituto Rede Mar Brasil deu origem à Redemantas, iniciativa voltada à conservação das raias gigantes do estado, principalmente por meio da conscientização e sensibilização das comunidades pesqueiras locais.