Lista produzida anualmente pela World Register of Marine Species incluiu a Aurelia cebimarensis, nomeada em homenagem ao Centro de Biologia Marinha da USP. Eleição envolveu cerca de 300 especialistas da área de sistemática e taxonomia marinha – Foto: Alvaro Migotto/CEBIMar-USP
POR – ANDRÉ JULIÃO, AGÊNCIA FAPESP / NEO MONDO
Um polvo com “orelhas de Dumbo” capturado a 4 mil metros de profundidade, uma nova espécie de baleia da Nova Zelândia, um ácaro aquático descoberto graças a uma foto postada no Twitter e uma água-viva encontrada na praia que banha o Centro de Biologia Marinha da Universidade de São Paulo (CEBIMar-USP), em São Sebastião.
Essas são algumas das dez espécies marinhas de destaque descritas em 2021, entre os mais de 2 mil novos registros feitos no ano passado, segundo um júri de aproximadamente 300 especialistas reunido pela World Register of Marine Species (WoRMS), repositório de dados de espécies marinhas criado em 2007. A entidade divulga anualmente a lista desde 2018.
“A divulgação é feita no dia do taxonomista [19 de março], buscando valorizar os trabalhos na área de sistemática e taxonomia marinha. A espécie Aurelia cebimarensis está na lista de 2021, sendo descrita para o litoral norte de São Paulo. Honrarias como esta valorizam as pesquisas sobre a biodiversidade brasileira”, comenta o diretor do CEBIMar e professor do Instituto de Biociências da USP, André Morandini, coordenador do estudo que descreveu a espécie e do projeto “Reconhecendo a diversidade de águas-vivas (Medusozoa, Rhopaliophora)”, apoiado pela FAPESP.
O estudo que descreveu a A. cebimarensis também ampliou de sete para 28 o número de entidades conhecidas no gênero Aurelia (leia mais em: agencia.fapesp.br/37297/).
“Ficamos muito honrados com a nomeação. Acreditamos que a espécie foi escolhida porque faz parte de um gênero de águas-vivas bastante emblemático, bem conhecido, mas que ironicamente ainda estamos tentando entender como se diversifica e qual a melhor forma de reconhecer essa diversidade. A espécie foi nomeada em homenagem ao CEBIMar, uma instituição muito tradicional em pesquisa marinha e reconhecida internacionalmente”, afirma Jonathan Lawley, primeiro autor do estudo, realizado durante seu mestrado no IB-USP com bolsa da FAPESP.
A chamada de nomeações para a lista foi anunciada em dezembro de 2021. Para concorrer, as espécies deveriam ter sido descritas entre 1o de janeiro e 31 de dezembro daquele ano e pertencer ao ambiente marinho (incluindo fósseis).
Um pequeno comitê decide entre os candidatos finais, que não são listados em ordem hierárquica.
“Cada um desses animais marinhos tem uma história. Neste ano, as espécies escolhidas vão de extremamente pequenas e frequentemente esquecidas até uma nova espécie de baleia”, afirmaram os organizadores da lista, em comunicado oficial.