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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Sete coletivos de jovens mobilizaram suas comunidades para resolver problemas que vão da falta de representatividade nos livros de história ao saneamento básico
No Pará, jovens de idades variadas estão fazendo mais do que tirar o título de eleitor para exercer a cidadania: eles estão colocando a mão na massa para resolver problemas de suas comunidades. Sete coletivos do estado receberam apoio da Purpose, agência de causas, para que eles se estruturassem e
executassem seus planos. Os resultados foram surpreendentes e comprovam a importância dos jovens na solução de problemas ambientais e sociais.
Coletivo Jovem Tapajônico – Abrir os livros escolares e não se ver. Estudar e não se encontrar nas aulas de história, geografia ou biologia. Para mudar essa situação, o grupo se propôs a sensibilizar alunos, professores e diretores sobre a importância da adoção de conteúdos sobre a história do território no currículo escolar, criando a campanha Piracaia de Saberes. Ela incluiu a criação de uma cartilha levando para a comunidade escolar informações sobre os territórios e sua história de luta, resultado de um trabalho prévio de escuta ativa para que esse conteúdo efetivamente refletisse a realidade local.
Coletivo Miri – Dois cursos d’água nas proximidades da agrovila Itaqui, território rural do município de Castanhal, no nordeste do Pará, estão em processo severo de degradação por causa da presença de barragens e construções irregulares, do desmatamento, da drenagem mal feita no ramal de acesso à comunidade e do descarte irregular de lixo. Para mudar essa situação, os jovens do Coletivo Miri apostaram na mobilização da juventude de Itaqui por meio da arte, cultura e educação, paralelamente à articulação com poder público para gerar um processo de transformação permanente sobre os temas de coleta seletiva e defesa dos rios.
Coletivo Tapajós de Fato – Grandes projetos que fazem parte da história do oeste paraense podem estrangular as atividades que garantem o sustento de várias famílias da região. Por isso, os jovens organizaram uma campanha que mostrasse à sua comunidade outras possibilidades de geração de renda, uma vez que a região possui diversas riquezas naturais que permitem desde o extrativismo, passando
pela pesca, ao artesanato, bem como a produção familiar de base rural, o turismo de base comunitária, entre outros pontos. A iniciativa conquistou o apoio de outras cinco organizações, que já atuam no território há bastante tempo.
Laboratório da Cidade – Quem caminha pela capital paraense sabe que as calçadas da cidade deixam muito a desejar. Em 2019, antes da pandemia, a organização Mobilize Brasil classificou Belém como a pior do país no quesito de acessibilidade e caminhabilidade nas calçadas, em um estudo que avaliou todas as
capitais brasileiras. Os jovens buscaram sensibilizar e mobilizar a população a cobrar a pauta da mobilidade a pé de forma a influenciar atores-chave do poder público para implementar novas políticas públicas e ações práticas que tornem Belém uma cidade mais caminhável, acessível e inclusiva. A campanha teve início no ano passado com ações de comunicação pelas redes sociais, reuniões com vereadores e secretários municipais (ao todo, já foram realizadas nove com o legislativo e três com o executivo) e ações de urbanismo tático, ou seja, intervenção física para gerar melhorias em um determinado ponto da cidade. O escolhido foi o entorno da escolinha comunitária Joana D’arc, que atende 96 crianças da primeira infância. Mais informações aqui.
Observatório do Marajó – A maior ilha fluviomarítima do mundo é também objeto de um dos mais polêmicos programas do governo federal, o Abrace o Marajó. Por isso, a equipe do Observatório do Marajó desenvolveu uma campanha que ajudasse a garantir a efetiva participação popular para revisar o programa. Eles conseguiram com que mais de 200 pessoas pressionassem o Ministério Público Federal e
realizaram 2 audiências públicas com representantes dos três poderes, incluindo órgãos da justiça que, a partir da mobilização da sociedade, enviaram recomendações ao Governo Federal reconhecendo a violação ao direito à participação social na implementação do programa. Outras informações aqui.
Perpetuar – A educação em Jacunday não é contextualizada à realidade quilombola. Não há espaços de criação e fortalecimento do pertencimento quilombola. O resultado é que as crianças e jovens saem da escola pouco identificados com sua cultura e história. Por isso, a juventude da comunidade quilombola de Oxalá do Jacunday decidiu mobilizar-se em prol de um projeto de educação para quilombolas com quilombolas. Leia mais.
Tamatuás – Os moradores da comunidade do Lago Verde, no bairro da Terra Firme, na periferia de Belém, convivem com esgoto a céu aberto e constantes alagamentos provocados pelas chuvas. O sistema de abastecimento de água foi instalado pela Companhia de Saneamento do Pará (COSANPA) há mais de 40 anos e desde então não teve manutenção, reforma ou adequação. Todos os dias a falta de água nas torneiras se estende por mais de 12 horas. Quando o fornecimento é retomado, a água vem com mau cheiro, gosto e cor amarelada. Por isso, a moçada do Tamuatás do Tucunduba estruturou uma campanha que ajudasse a população do Lago Verde a pressionar o governo para resolver o problema da água contando com o mais paraense dos ativos: o carimbó. Veja aqui.