Imagem – Pixabay
ARTIGO
Os artigos e informes publicitários não representam necessariamente a posição de NEO MONDO e são de total responsabilidade de seus autores. Proibido reproduzir o conteúdo sem prévia autorização
POR – MÁRCIO JAPPE*, PARA NEO MONDO
Os últimos 200 anos foram de enormes criações e distribuições de riqueza. Ainda que alguns problemas econômicos persistam, múltiplos indicadores nos mostram que, na média, a condição econômica, a qualidade de vida e o bem-estar da população global melhoraram significativamente. Entre outros fatores, a adoção de um modelo econômico onde trocas voluntárias são a principal forma de ascensão foi fundamental, sendo a inovação uma das suas principais forças motrizes.
Criatividade, inventividade e imaginação ajudam, mas o que caracteriza inovação é a) a resolução de problemas reais; b) por meio de soluções de mercado; c) em contextos com altos níveis de incerteza. No micro, a inovação é condição sine qua non para que empresas possam sobreviver e prosperar. De forma mais ampla, a inovação é um dos pilares do ajuste dinâmico necessário para que sigamos prosperando e superando os limites e desafios de um modelo econômico bem sucedido (mas não perfeito). Sim, é possível afirmar que quase todos nossos problemas econômicos, sociais e ambientais podem ser resolvidos ou mitigados por meio da inovação.
No entanto, além de necessário, inovar é difícil. E se for com a intenção explícita de gerar externalidades econômicas, sociais e ambientais positivas, é mais difícil ainda. Por que fazê-lo, então?
Em primeiro lugar, por uma questão ética. Além de necessário e difícil, inovar com propósito, para gerar impacto positivo, é a coisa certa a fazer. Se temos nas mãos a liberdade (recursos, ‘capacidades’, funcionalidade e utilidade) para resolver nossos problemas mais importantes, não fazê-lo é irracional, imoral e antiético. Ganham as pessoas inovadoras, ganham outras pessoas.
Em segundo lugar, por uma questão de competitividade. Inovar nos diferencia dos concorrentes diretamente nos produtos e também indiretamente na construção de competências que irradiam melhoria em outros negócios, outras áreas, outros produtos. Há 30 anos vender livros online parecia loucura, mas apoiou o processo de construção de competências que permitem a esta mesma “livraria online” competir até mesmo em uma corrida espacial privada. A capacidade de aprender e incorporar novas competências é algo a ser muito valorizado – se tudo muda o tempo todo, quem aprender mais rapidamente vai prosperar mais.
Ainda, inovar com propósito é um diferencial significativo para a marca das empresas. Não só perante clientes cada vez mais exigentes e conscientes, mas também para atrair pessoas colaboradoras e organizações parceiras na cadeia de valor. Ah, sim, também há diferenciação para a atração de investidores, seja via critérios específicos em bolsas de valores, seja via investidores de impacto, via investidores tradicionais ou até mesmo via linhas de crédito específicas em agentes financeiros tradicionais.
Quiçá possamos encontrar mais dezenas de razões para se inovar com propósito, mas o exposto acima já é suficiente para se enxergar um caminho. Repleto de desafios, seja na modelagem de um negócio onde problema, solução e mercado se encaixem, seja no dia-a-dia, lidando consigo mesmo e com outras pessoas, com o stress e pressão típicas de empreender, além do desafio da manutenção da integridade e alinhamento da organização ao seu propósito de impactar positivamente. Mas é um caminho ao mesmo tempo mágico e necessário. Vamos?
*Márcio Jappe é sócio-fundador da Semente Negócios, mestre em inovação, tecnologia e sustentabilidade pela UFRGS.