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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
O Brasil começa 2023 com nova administração federal, que se compromete a restabelecer o combate ao desmatamento no país. Durante quatro anos de governo Bolsonaro, o tema foi atacado pelo viés econômico, segundo a lógica de que a preservação retardaria o desenvolvimento brasileiro. No entanto, existem formas de lucrar a partir da conservação.
Você já deve ter ouvido falar sobre créditos de carbono quando o tema é a preservação de extensas áreas verdes como a Amazônia. A capacidade das florestas de capturar o CO2 presente na atmosfera por meio da fotossíntese é essencial para que seja possível tolher os efeitos do aquecimento global e para que as nações possam cumprir os compromissos determinados durante a Cop27 (27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas).
O Brasil apresenta uma abundância de biodiversidade como poucos países são capazes de abrigar. A extensão do território nacional oferece climas diversos que propiciam a composição de seis biomas distintos, todos eles ricos em flora e fauna, que devem ser preservados.
A dúvida de muitas pessoas neste quesito é: como gerar renda a partir da preservação, ao contrário do desmate agressivo que observamos no Brasil e no mundo ao longo dos anos? Como funciona o mercado de crédito de carbono?
“A primeira coisa a fazer é o cálculo do potencial de resgate de CO2 por cada área de biomassa a ser analisada. Diferentes vegetações apresentam capacidades distintas de fotossíntese”, explica Bruno Bolzam, CEO da Vert Ecotech, startup especializada no desenvolvimento de tecnologias que ajudam no equilíbrio ambiental. “Hoje, contamos com a ajuda de algoritmos de inteligência artificial capazes de determinar com precisão por meio de imagens capturadas por drones e satélites quanto dióxido de carbono é capturado por cada área verde”, complementa Florêncio Cabral Ponte Jr., CEO da Virtus Automation & AI, empresa parceira da Vert na parte operacional dos processos, cujo algoritmo é utilizado para o cálculo das áreas analisadas.
A inteligência artificial criada pela Virtus consegue diferenciar áreas de vegetação saudável, classificar o tipo de espécies existentes para então o sistema poder monetizar o carbono sequestrado da atmosfera. Uma fazenda pequena de 1 hectare de eucalipto é capaz de sequestrar até 32 toneladas de CO2 por ano. Cada tonelada vale de R$12 a R$80 no mercado nacional. “O valor de mercado não é fixo porque ele funciona dentro de trades como bolsa de valores e criptomoedas. Ou seja, ele é flutuante, dependendo de oferta e demanda nas bolsas de crédito”, explica Florêncio.
Bolzam acrescenta que existem dois tipos de crédito: por sequestro e por redução de emissão. Além disso, a possibilidade de somar esse trabalho a ações sociais também agrega valor, chamado de “adicionalidades” – como a proteção de aldeias indígenas, inauguração de escolas, ou até mesmo manter praças e jardins em cidades vizinhas. “Essas ações garantem uma maior qualidade do seu crédito porque você está distribuindo benefícios reais para a comunidade, não somente gerando crédito de redução de CO2 por si só.” Segundo o profissional, o compromisso ESG (sigla em inglês para governança ambiental, social e corporativa) cada vez mais assumido pelas corporações no Brasil, pelo agronegócio e silvicultura, representa um grande potencial na área do comércio de créditos de carbono. “Empresas de todos os segmentos daqui para frente terão cada vez mais a responsabilidade de compensar o impacto ambiental e social de suas atividades. Comprando créditos que carbono de áreas verdes, elas financiam a preservação ambiental e também podem redistribuir a renda para pequenas comunidades que habitam essas regiões, inclusive com a construção de hospitais e obras de saneamento básico.”