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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
O projeto dos adolescentes concorreu com escolas de todo o país e ficou em primeiro lugar na categoria Ciência Cidadã, do prêmio Diplomacia Verde, organizado pela UE no Brasil
Aprender na prática enquanto se diverte estudando é uma realidade das escolas de Ensino Médio Integral pelo país. Em Mogeiro, na Paraíba, estudantes da Escola Cidadã Integral Técnica (ECIT) Otávia Silveira criaram jogos virtuais pelo celular para discutir problemas relacionados ao meio ambiente e promover a educação ambiental por meio das plataformas digitais na escola e na comunidade. Graças a sua relevância e potencial de impacto, o projeto conquistou neste ano o prêmio de Diplomacia Verde, organizado pela União Europeia (UE) no Brasil.
A iniciativa dos alunos nasceu de duas eletivas (Vem Jogar e Crie Seu Jogo), que são componentes curriculares diferenciais do Ensino Médio Integral. Baseado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, os games envolvem, por exemplo, problemas ambientais relacionados à água, como o jogo ODS Vida na Água, que visa discutir o problema do lixo plástico nos oceanos e seus impactos; e o ODS Vida Terrestre: sobrevivendo na Caatinga, que aborda a problemática do tráfico de aves silvestres.
“Como proposta multidisciplinar, o projeto conecta os jovens a diferentes oportunidades de aprendizado, estimulando também a cultura e a inclusão digital, assim como a criatividade e a inovação socioambiental no ambiente escolar e na sociedade. Além disso, conta com estudantes da zona rural e urbana, envolvendo a comunidade escolar de maneira geral em atividades de educação ambiental”, explica Suênio Alves, professor e também coordenador do projeto.
Projeto de vida e protagonismo juvenil
Uma das principais fortalezas do trabalho é que ele está diretamente ligado aos projetos de vida dos estudantes participantes, que desejam atuar nessa área de jogos digitais. Para Daniel José, que se formou na escola, o projeto foi uma oportunidade de levar para frente seu sonho de criança: trabalhar com tecnologia e jogos.
“Sempre tive vontade de criar meu próprio jogo e poder, de alguma forma, ajudar na educação com o meio digital. Meu projeto de vida é seguir na área da informática e do desenvolvimento de games, e graças ao apoio do Ensino Médio Integral e dessa iniciativa, me sinto mais preparado para alcançar meu objetivo”, conta o aluno.
O interesse pela carreira na informática e no setor tecnológico é compartilhado pelo estudante Ygor da Silva, que também atua na equipe “Game Start” da escola. “Desde pequeno eu já me encantava por esse universo dos jogos, mas foi no Ensino Médio Integral, com as eletivas, a tutoria e os projetos, que decidi tornar esse meu objetivo para o projeto de vida”, relata.
Os jovens participantes, apoiados e incentivados pelo modelo de ensino integral, também puderam vivenciar a experiência do protagonismo juvenil e do aprendizado na prática. Por meio do acompanhamento personalizado dos professores (tutoria) e da orientação de estudos, os estudantes desenvolveram os pilotos iniciais do projeto em seus próprios celulares, através de aplicativos.
Eletiva no Ensino Médio Integral e o futuro do projeto
“Nosso maior objetivo nas eletivas foi voltado para o desenvolvimento de trabalhos que dessem a oportunidade para os próprios estudantes buscarem, através das ferramentas digitais, o caminho para construir seus projetos de vida. Além disso, também buscamos incentivá-los a levarem para a comunidade os conhecimentos sobre a importância da educação ambiental, sustentabilidade e preservação do meio ambiente, especialmente da região em que estão inseridos”, relata João Batista, professor de matemática e da disciplina Colabore e Inove.
Como resultado dessa proposta pedagógica diversificada, o trabalho agora faz parte do Programa Celso Furtado, uma iniciativa do Governo do Estado da Paraíba, financiado pela FAPESQ (Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba). Graças a esse apoio, os estudantes do projeto e professores mentores receberão uma bolsa durante um ano para desenvolver os próximos passos do projeto.
Uma conquista que, para a professora de Agroecologia, Larissa Regis, representa um grande movimento de engajamento e incentivo escolar. “Os alunos conseguem aprender, de forma transversal, vários conteúdos. Além disso, é muito importante para que os estudantes possam ver o seu valor e a sua capacidade dentro de projetos. O trabalho abriu portas para que outros jovens possam ter o interesse em realizar pesquisas, assim como chamar atenção de toda comunidade escolar para questões ligadas aos objetivos do desenvolvimento sustentável”, finaliza. A conquista do primeiro lugar em Ciência Cidadã, do prêmio Diplomacia Verde, da União Europeia no Brasil, rendeu à escola um computador de última geração, para a continuidade dos projetos, e a participação na cerimônia de premiação que ocorreu em Brasília.