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POR – REDAÇÃO NEO MONDO
Segundo o World Economic Forum (2020), mais da metade da produção econômica mundial – cerca de US$ 44 trilhões – é dependente da natureza. Essa alta dependência significa que a perda da biodiversidade apresenta uma séria ameaça para a estabilidade dos negócios e do mercado financeiro. Um esforço positivo de transformação ambiental pode gerar até US$ 10.1 trilhões anualmente em valor de mercado e criar 395 milhões de empregos até 2030.
Um levantamento de 2021 feito pelo CDP projetou que o setor que deve sofrer maior impacto por riscos florestais é o de alimentos, bebidas e agricultura, com um impacto estimado de US$ 44,5 milhões, seguido pelo de materiais, com quase US$20 milhões. O que acende o alerta para o Brasil, vocacionado para o setor agroflorestal.
Nesse contexto, a Força-Tarefa para Divulgações Financeiras Relacionadas à Natureza (TNFD) é uma iniciativa global, liderada pelo mercado, com base na ciência e apoiada pelos governos para ajudar a responder à necessidade de considerar a natureza nas decisões financeiras e comerciais. Composta por mais de 40 membros, que representam instituições financeiras, corporações e provedores de serviços, a TNFD está desenvolvendo um framework para reporte sobre riscos relacionados à natureza e capital natural. Além disso, auxilia a implementação de planos de ação para redirecionar o fluxo financeiro global em operações e portifólios nature-positive, ou seja, focados em recuperar perdas na biodiversidade.
A TNFD foi criada em junho de 2021 e, em setembro de 2023, irá lançar oficialmente o framework, que tem como pilares Governança, Estratégia, Gestão de Riscos e Métricas e Objetivos. As recomendações de divulgação são baseadas na abordagem e na linguagem da Força-Tarefa sobre Divulgações Financeiras Relacionadas ao Clima (TCFD), criada em 2015, dentro do Financial Stability Board (FSB), braço operacional de assuntos financeiros do G20.
A TNFD criou grupos para fomentar o debate sobre o novo padrão em diferentes países. No Brasil, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS) é o coordenador do grupo e a WayCarbon é uma das empresas integrantes. “É fundamental que empresas que desejam ser líderes na agenda ambiental e ESG se antecipem à essa tendência de mercado. Nesse sentido, devido às similaridades entre os frameworks da TCFD e da TNFD, empresas alinhadas à TCFDpossuem uma vantagem”, avalia Bruna Araújo, Gerente de Finanças Sustentáveis na WayCarbon.
Relação desafiadora entre clima e biodiversidade
Bruna ressalta que um grande desafio nessa temática está na ligação sistêmica entre agenda climática e a biodiversidade. “Algumas soluções para reduzir emissões de gases de efeito estufa (GEE) tem impacto na biodiversidade. No caso da construção de fazendas eólicas, por exemplo, adotar essa tecnologia é uma forma de empresas reduzirem emissões, porém, o local escolhido para abrigar essa fonte de energia renovável pode ter seu ecossistema afetado. Muito embora a fazenda eólica seja caracterizada como energia limpa e com baixo potencial de emissão de GEE, sua implementação pode gerar perdas na fauna e flora local, se esses eventuais riscos não forem corretamente identificados e mitigados”, explica.